terça-feira, 5 de novembro de 2013

Mercedes Sosa é citada em documento inédito da ditadura argentina






Mercedes Sosa era considerada "perigosa ao regime" durante a ditadura militar na Argentina.

A Argentina divulgou nesta terça-feira (5) a descoberta de arquivos secretos da ditadura militar no país. Chamados de "lista negra", os documentos apontam artistas e personalidades da sociedade argentina como "perigosos ao regime". Dentre eles, Mercedes Sosa (uma das cantoras mais influentes do século 20) foi vigiada pelo governo. No total, são 1,5 mil documentos inéditos, 280 deles com as transcrições de gravações das reuniões da Junta Militar que governou o país entre 1976 e 1983.
O ministro da Defesa da Argentina, Agustín Rossi, informou que a documentação foi encontrada na semana passada acidentalmente durante a limpeza do edifício Condor, em Buenos Aires, onde funcionam dependências da Força Aérea Argentina. "Encontramos seis pastas com atas secretas da Junta Militar”, são documentos do período que vai de março de 1976 a dezembro de 1983. A “lista negra" que a ditadura guardava continha o nome de, pelo menos, 331 artistas e jornalistas, disse Rossi.

“É a primeira vez que encontramos uma documentação a partir da informação de um dos chefes das três forças armadas, neste caso do chefe da Força Aérea, o brigadeiro Mario Callejo”, afirmou Rossi em entrevista para a Rádio América. Ele também assinalou a importância o valor “histórico” das atas na reconstrução dos feitos ocorridos durante a ditadura argentina.

Segundo informações da agência Télam, durante o ato de apresentação dos documentos, Rossi advertiu que “a justiça decidirá se, além do valor histórico, têm valor jurídico para as causas que estão sendo julgadas na Argentina”. Os arquivos estão sendo analisados pela Direção de Direitos Humanos de Defesa.

Também foram encontrados três livros de recepção, onde estavam as comunicações para as forças militares, como pedidos de famílias que queriam saber do paradeiro de seus filhos desaparecidos.

“Lista negra”

A “lista negra” inclui militantes políticos, sindicalistas, músicos, jornalistas e intelectuais. Os arquivos contêm nomes como “Norma Aleandro, Héctor Alterio, Osvaldo Bayer, Julio Cortázar, Horacio Guaraní, Víctor Heredia, Federico Luppi, Osvaldo Pugliese, Mercedes Sosa e María Elena Walsh”, mencionou Rossi. Segundo ele, os nomes eram classificados em quatro níveis de “periculosidade”.

“Em 1989 havia 331 pessoas qualificadas em distintas categorias, do F1 ao F4 segundo grau teórico de perigo”, revelou o ministro, que não confirmou em que patamar se encontrava Mercedes Sosa.

Fonte: Opera Mundi

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