segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Fidel Castro: O papel genocida da Otan



Neste domingo (23), o líder da Revolução cubana Fidel Castro iniciou uma nova série de Reflexões sobre a Otan, organização agressiva e genocida a serviço do imperialismo norte-americano e as potências da União Européia. Leia a tradução inédita em português.

Essa brutal aliança militar se converteu no mais pérfido instrumento de repressão que a a história da humanidade já conheceu.

A Otan assumiu esse papel repressivo global tão logo a URSS, que tinha servido aos Estados Unidos de pretexto para criá-la, deixou de existir. Seu propósito criminoso se tornou patente na Sérvia, um país de origem eslava, cujo povo lutou tão heroicamente contra as tropas nazistas na 2ª Guerra Mundial.

Quando em março de 1999 os países dessa nefasta organização, em seus esforços por desintegrar a Iugoslávia depois da morte de Josip Broz Tito, enviaram suas tropas em apoio aos secessionistas kosovares, encontraram uma forte resistência daquela nação cujas experimentadas forças estavam intactas.

A administração ianque, aconselhada pelo governo direitista espanhol de José Maria Aznar, atacou as emissoras de televisão da Sérvia, as pontes sobre o rio Danúbio e Belgrado, a capital desse país. A embaixada da República Popular da China foi destruída pelas bombas ianques, vários funcionários morreram, e não podia haver erro possível como alegaram os autores. Numerosos patriotas sérvios perderam a vida. O presidente Slobodan Milosevic, premido pelo poder dos agressores e o desaparecimento da URSS, cedeu às exigências da Otan e admitiu a presença das tropas dessa aliança dentro de Kosovo sob o mandato da ONU, o que finalmente conduziu à sua derrota política e seu posterior julgamento pelos tribunais nada imparciais de Haia. Morreu estranhamente na prisão. Se resistisse uns dias mais o líder sérvio, a Otan teria entrado em uma grave crise que esteve a ponto de eclodir. O império dispôs assim de muito mais tempo para impor sua hegemonia entre os cada vez mais subordinados membros dessa organização.

Entre 21 de fevereiro e 27 de abril do presente ano, publiquei no sítio CubaDebate nove Reflexões sobre o tema, nas quais abordei com amplitude o papel da Otan na Líbia e o que a meu juízo ia ocorrer.

Vejo-me por isso obrigado a uma síntese das ideias essenciais que expus, e dos fatos que foram ocorrendo tal como foram previstos, agora que um personagem central de tal história, Muamar Kadafi, foi ferido gravemente pelos mais modernos caças-bombardeiros da Otan que interceptaram e inutilizaram seu veículo, capturado ainda vivo e assassinado pelos homens que essa organização militar armou.

Seu cadáver foi sequestrado e exibido como troféu de guerra, uma conduta que viola os mais elementares princípios das normas muçulmanas e outras crenças religiosas prevalecentes no mundo. Anuncia-se que muito breve a Líbia será declarada "Estado democrático e defensor dos direitos humanos".

Vejo-me obrigado a dedicar várias Reflexões a estes importantes e significativos fatos.

Fidel Castro Ruz

Reflexões de Fidel Castro: O papel genocida da Otan (2ª parte)


Há pouco mais de oito meses, em 21 de fevereiro do ano em curso, afirmei com plena convicção: "O plano da Otan é ocupar a Líbia". Sob esse título abordei pela primeira vez o tema em uma Reflexão cujo conteúdo parecia fruto da fantasia.

Incluo nestas linhas os elementos de juízo que me levaram a essa conclusão.

"O petróleo se converteu na principal riqueza em mãos das grandes transnacionais yanques; através dessa fonte de energia dispuseram de um instrumento que acrecentou consideravelmente seu poder político no mundo".

"Sobre essa fonte de energia se desenvolveu a civilização atual. A Venezuela foi a nação deste hemisfério que pagou o maior preço. Os Estados Unidos se tornaram donos das enormes jazidas com que a natureza dotou esse país irmão.

"Ao finalizar a última Guerra Mundial, começaram a extrair das jazidas do Irã, assim como das da Arábia Saudita, Iraque e dos países árabes situados ao redor deles, maiores quantidades de petróleo. Estes passaram a ser os principais fornecedores. O consumo mundial se elevou progressivamente à fabulosa cifra de aproximadamente 80 milhões de barris diários, incluídos os que são extraídos no território dos Estados Unidos, aos quais ulteriormente se somaram o gás, a energia hidráulica e a nuclear".

"O lixo do petróleo e do gás está associado a uma das maiores tragédias, não resolvida em absoluto, que a humanidade sofre: a mudança climática."

"Em dexembro de 1951, a Líbia se converte no primeiro país africano a alcançar sua independência depois da Segunda Guerra Mundial, na qual seu território foi cenário de importantes combates entre tropas alemãs e do Reino Unido"

"95 % de seu território é totalmente desértico. A tecnologia permitiu descobrir importantes jazidas de petróleo leve de excelente qualidade que hoje alcançam um milhão e 800 mil barris diários e abundantes depósitos de gás natural. [...] Seu rigoroso deserto está localizado sobre um enorme lago de água fóssil, equivalente a mais de três vezes a superfície de Cuba, o que lhe tornou possível construir uma ampla rede de dutos de água doce que se estende por todo o país."

"A Revolução Líbia teve lugar no mês de setembro de 1969. Seu principal dirigente foi Muamar Kadafi, militar de origem beduína, que em sua mais remota juventude se inspirou nas ideias do líder egípcio Gamal Abdel Nasser. Sem dúvida que muitas de suas decisões estão associadas às mudanças que se produziram quando, igualmente ao Egito, uma monarquia débil e corrupta foi derrocada na Líbia."

"Pode-se estar ou não de acordo com Kadafi. O mundo foi invadido com todo tipo de notícias, especialmente por intermédio dos meios de informação de massa. Deve-se esperar o tempo necessário para conhecer com rigor quanto há de verdade ou mentira, ou uma mescla de fatos de todo tipo que, em meio ao caos, se produziram na Líbia. O que para mim é absolutamente evidente é que ao governo dos Estados Unidos não preocupa em absoluto a paz na Líbia, e não vacilará em dar à Otan a ordem de invadir esse rico país, talvez em questão de horas ou muito breves dias.

"Os que com pérfidas intenções inventaram a mentira de que Kadafi se dirigia à Venezuela, assim como o fizeram na tarde de ontem, domingo, 20 de fevereiro, receberam hoje uma digna resposta do ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro" .

"De minha parte, não imagino o dirigente líbio abandonando o país, eludindo as responsabilidades que lhe são imputadas, sejam ou não falsas em parte ou em sua totalidade”.

"Uma pessoa honesta estará sempre contra qualquer injustiça que se cometa com qualquer povo do mundo, e a pior delas, neste instante, seria guardar silêncio diante do crime que a Otan se prepara para cometer contra o povo líbio.

"Para o comando dessa organização belicista urge fazê-lo. É preciso denunciar isso!”

Naquele data eu me havia dado conta do que era absolutamente óbvio.

Nesta terça-feira, 25 de outubro, nosso chanceler Bruno Rodriguez falará na sede das Nações Unidas para denunciar o criminoso bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba. Seguiremos de perto essa batalha que porá em evidência uma vez mais a necessidade de dar fim, não só ao bloqueio, mas também ao sistema que engendra a injustiça em nosso planeta, dilapida seus recursos naturais e põe em risco a sobrevivência humana. Prestaremos atenção especial à argumentação de Cuba.

Prosseguirá na quarta-feira, 26.

Fidel Castro Ruz

24 de outubro de 2011

17h19
 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Chávez quer aprofundar revolução socialista na Venezuela



O Grande Pólo Patriótico (GPP) da Venezuela é hoje um bloco progressista vital para a defesa e aprofundamento da Revolução, mediante a inclusão de todos os movimentos e coletivos políticos e sociais.

A conformação dessa aliança, idealizada pelo presidente Hugo Chávez para agregar as diferentes forças do país com vistas a apoiar as eleições de 2012 e também a participação aos partidos políticos.
Desde o último 7 de outubro, o Pólo começou o registro dos coletivos, movimentos e partidos que sustentam o processo de mudança que se vive na atualidade nesta nação sul americana, e conta, até o momento, com a inscrição de cerca de cinco mil agrupamentos.

Este processo terá seu auge nos dias 5 e 6 de novembro, nos estados Aragua, Carabobo, Lara, Yaracuy, Falcón e Zulia.

Durante o primeiro final de semana de inscrições no GPP, 4.058 organizações dos estados Vargas, Miranda e Distrito Capital, atenderam ao chamado, segundo declarou Chávez durante una palestra recente com o grupo promotor, realizada no Palácio de Miraflores, para fazer uma primeira avaliação do processo.

O foco da revolução está no povo

Reunido com 153 representantes dos diferentes grêmios que integram essa aliança, o mandatário solicitou que cada grupo apresente um plano de trabalho com suas propostas para serem sistematizadas todas as abordagens.

O presidente do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), chamou atenção para o foco na direção coletiva da revolução, no projeto popular de transformação e na necessidade de dar um impulso maior ao povo por meio da mobilização e o trabalho nas ruas.

“Precisamos de unidade, temos que fazer uma rede de redes com nós regionais, locais, de baixo para cima”, expressou.

Por outro lado, o mandatário instou à formação de um bloco histórico que proíba o retorno da oposição. "Não voltarão a Miraflores; eles trabalharão para voltar e nós para impedi-los", sentenciou.

“Não existe força alguma que possa nos desestabilizar, porque construímos uma força capaz de resistir, e temos que consolidá-la ainda mais, com os programas sociais, dando poder ao povo”, declarou.

Além disso, Chávez indicou que o GPP deve ir além dos interesses das classes sociais e superar os partidos, e esclareceu que não podem ser tomadas, por qualquer pessoa, como uma trincheira ou plataforma para a intriga.

Eleições 2012

Por outra parte, Blanca Eekhout, segunda vice-presidente da Assambleia Nacional e membro da direção nacional do PSUV, ressaltou que a Pátria se constrói coletivamente.

A dirigente contrastou, contudo, que a Mesa de Unidade Democrática, que agrupa os velhos partidos políticos e seus derivados, apenas organizará um carnaval eleitoral para o próximo 12 de fevereiro enquanto o PSUV destaca seu compromisso de construir o Pólo Patriótico em condições de igualdade.

Nesse sentido, lamentou que a oposição esteja permeada de interesses estrangeiros, indiferente às necessidades do povo.

Na opinião de Eeckout, confiar nos resultados positivos que demonstram as últimas pesquisas, indicando uma cômoda vantagem do presidente Chávez sobre toda a oposição unificada, poderia ser perigoso.

Lembrou ainda que a Venezuela é diariamente alvo de ameaças por ter a primeira reserva de petróleo certificada pela OPEP em todo o mundo.

Dados oficias de institutos de pesquisas como Datanálisis e Hinterlaces, durante setembro último, concordaram que o mandatário tem margem de apoio popular que beira 60%. O mesmo revelaram GIS XXI e IVAD com 58% e 61%, respectivamente.

Avanço ao socialismo

Ao término da recente reunião com a equipe promotora da aliança progressista, Chávez chamou seus seguidores para aprofundar a organização do II Plano Socialista da Nação, que, em sua avaliação, deverá ser discutido no Parlamento e aprovado como lei da República, a fim de impulsionar a transição para o socialismo na Venezuela.

Indicou que já está trabalhando com o ministro de Planificação e Finanças, Jorge Giordani, nas linhas do programa do Governo 2013-2019. Convidou o GPP a converter-se "no grande manancial de onde surjam essas linhas estratégicas, táticas e o nível construtivo do projeto nacional".

Em declarações anteriores e com o objetivo de somar mais inscrições ao bloco, o mandatário detalhou que os registros poderão ser realizados tanto em pontos físicos como na internet.

Fonte: Prensa Latina

Protógenes diz que lei que pune empresas é resposta à corrupção



A comissão especial que analisará Projeto de Lei que define a responsabilidade de empresas que fazem contratos com órgãos públicos vai se reunir na próxima quarta-feira (19) para definir o cronograma de trabalho. A matéria quer coibir fraudes e punir as corporações que praticarem atos lesivos contra a administração pública. Segundo o relator, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), a expectativa é a de que o texto seja votado no colegiado ainda neste semestre.

Para o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), membro da comissão, “a lei é uma resposta do Congresso Nacional para linha de exigência que se constrói na sociedade”, que, segundo ele, espera que o governo instrumentalize uma lei para combate a corrupção. Ele acredita que existe” tempo de sobra”, até o final do ano, para que seja aprovada a nova lei.

Segundo o parlamentar, ao responsabilizar os que não cumprem o que compactuam com a administração pública, a lei vai impor respeito com dinheiro público e celeridade maior com as obras, destacando as obras de infraestrutura para Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016, bem como as obras necessárias para exploração e comercialização do petróleo do pré-sal.

“O objetivo não é apenas a responsabilidade civil pelo não-cumprimento das regras contratuais. É por ordem na Casa, exigindo mais responsabilidade das empresas com o dinheiro público e a coisa pública”, afirmou o deputado, destacando que “as empresas fazem contratos com o Estado e deixam de cumprir ao seu bel prazer e encontram facilidades na legislação atual”.

Inovações da lei

O projeto pretende endurecer o tratamento dado às empresas envolvidas em fraudes nas contratações com o serviço público e permitir que o patrimônio das companhias seja utilizado para ressarcir os danos causados.

Pelo texto, as empresas poderão ser punidas com multa, proibição de contratar e declaração de inidoneidade por meio de processo administrativo, independentemente de ação judicial. Essa é uma das inovações do projeto, ao estabelecer a responsabilidade civil das companhias, não condicionada à esfera penal.

Entre as práticas que o texto pretende punir estão medidas que possam fraudar o caráter competitivo da licitação, como acerto entre as empresas, combinação de preços e ocultação dos reais beneficiários dos atos praticados.

Outra mudança prevista na proposta é a definição da responsabilidade civil objetiva das empresas. Isso significa que a corporação envolvida em fraude será punida sem que haja a necessidade de comprovação da intenção de causar o dano pelo responsável pela companhia.

A legislação atual é mais voltada a punir o agente responsável pela fraude e não a empresa que é beneficiada. “Às vezes, por uma série de manobras jurídicas, os sócios evitam a condenação judicial e as empresas não sofrem nada. Qualquer malfeito é uma decisão empresarial, e o que nós queremos com esse projeto é estabelecer que as corporações também sofram sanções”, afirmou Zarattini.


Atualmente, a Lei de Licitações já determina sanções contra empresas que fraudem contratos. No entanto, a CGU argumenta que poucas condutas podem ser punidas administrativamente, uma vez que aquelas mais graves foram tipificadas como crimes, ou seja, apenas puníveis por meio judicial.

Comissão da Verdade é aprovada na CCJ por unanimidade


Por unanimidade, foi aprovado hoje, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), o projeto que cria a Comissão da Verdade (PLC 88/2011). Agora, deve seguir direto para exame do Plenário. Está prevista a tramitação também nas comissões de Direitos Humanos (CDH) e de Defesa Nacional (CRE), mas é possível que siga direto ao Plenário se for aprovado requerimento de Regime de Urgência, segundo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).


O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) lembrou, no relatório favorável ao projeto, o trabalho feito pela Comissão de Anistia e a adoção de medidas de reparação "às pessoas atingidas por atos arbitrários cometidos antes da promulgação da Constituição federal de 1988". Para ele, a Comissão da Verdade é "um passo distinto e complementar" ao que já foi realizado no país.

"[A Comissão da Verdade] Não pode indenizar, pois isso é atribuição da Comissão de Anistia, e não pode punir, porque não é órgão jurisdicional. Mas deve construir narrativa histórica em torno das graves violações de direitos humanos", diz Alysio Nunes, relator do projeto que cria a Comissão da Verdade.

Nunes manteve o texto aprovado pela Câmara dos Deputados, apresentando apenas duas emendas de redação. Mesmo com pedido feito por familiares de mortos e desaparecidos na época do regime militar no país, ele não considerou necessário alterar artigo que trata de documentos sigilosos. Eles pediam que os mesmos fossem abertos para conhecimento público.

Aloysio Nunes argumenta que o texto determina a manutenção do sigilo dos documentos apenas na fase de trabalho da comissão. "Uma vez concluído o trabalho, o relatório produzido deverá ser objeto de ampla publicidade", observa.

Também considerou desnecessário alterar o período que estará sob investigação - o projeto determina o período de 1946 a 1988, mas os parentes das vítimas querem que seja a partir de 1964, com o início da ditadura militar. Para o relator, a comissão deverá manter o foco sobre o período do regime militar.

Com relação às referências feitas à Lei de Anistia no projeto, acredita não apresentarem risco de limitar a investigação de envolvidos. Algumas entidades entidades representativas das famílias de desaparecidos políticos temem que isso ocorra. Para Aloysio Nunes, a Comissão da Verdade atuará de forma articulada e integrada com a Comissão de Anistia.

O Pedro Taques (PDT-MT) acredita que a comissão poderá revelar a verdade dos crimes contra os direitos humanos. Por isso, acredita ser necessário que se faça justiça, com a punição dos responsáveis.

Já o senador Jorge Viana (PT-AC), a Comissão da Verdade não deve "reabrir feridas, mas sim transformá-las em cicatrizes", registrando os fatos ocorridos na memória nacional, para evitar a repetição dos crimes cometidos no período autoritário.

Viana elogiou o relatório feito por Nunes e lembrou que o senador por São Paulo foi uma das vítimas da repressão, tendo sido perseguido por sua militância política, obrigado-o a sair do país. O relator também foi elogiado pelos senadores Demóstenes Torres (DEM-GO), Marta Suplicy (PT-SP), Inácio Arruda (PCdoB-CE), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá.

Regime de urgência

O regime de urgência é utilizado para apressar a tramitação e a votação das matérias legislativas, dispensando interstícios, prazos e formalidades regimentais. Pode ser solicitada, pelos senadores, comissões técnicas ou pelo presidente da República, quando se trata de matéria que envolva perigo para a segurança nacional ou providência para atender calamidade pública; tmbém para apreciar a matéria na segunda sessão deliberativa ordinária subsequente à aprovação do requerimento e para incluir matéria pendente de parecer na Ordem do Dia.

Fonte: Agência Senado

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Zelaya sobre golpe militar: primeira vítima são direitos humanos




Para o ex-presidente hondurenho, o capitalismo está em crise e a solução é a democracia participativa.


A experiência do ex-presidente de Honduras Manuel Zelaya, vítima de Golpe de Estado em 2009, foi a palestra de abertura do o 5º Seminário Latino-Americano de Anistia e Direitos Humanos, na manhã desta terça-feira (18), na Câmara dos Deputados. Ele agradeceu o apoio recebido do governo brasileiro na ocasião. E falou sobre os motivos que levaram a direita dos Estados Unidos e da Europa a apoiarem os golpistas em Honduras.
“Nós, o povo hondurenho, temos uma dívida com o povo brasileiro que nunca conseguiremos pagar”, afirmou. Durante o golpe em Honduras, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou apoio a Zelaya, que se refugiou na embaixada brasileira em Tegucigalpa, capital do país.

Em junho de 2009, Manuel Zelaya foi detido pelo Exército em sua casa e expulso para a Costa Rica, sendo substituído por Roberto Micheletti, que assumiu a presidência. As Organizações das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) condenaram de forma unânime o golpe de Estado. “Foi a primeira vez na história que a ONU e a OEA condenaram um golpe de Estado”, ressaltou o ex-presidente de Honduras.

Na visão de Zelaya, quando um golpe instala um Estado de fato e interrompe o estado de direito, a primeira vítima são os direitos humanos. Durante o governo de Micheletti, o Parlamento hondurenho restringiu as garantias constitucionais de liberdade pessoal, associação, circulação e tempo de detenção. “Em apenas 60 dias, houve mais de nove mil denúncias de atentados contra os direitos humanos”, disse.

O ex-presidente de Honduras afirmou que foi acusado de comunista e populista pelos governos de direita dos Estados Unidos e da Europa, assim como aconteceu com outros governos da América Latina, como o de Lula, no Brasil, e o de Hugo Chávez, na Venezuela.

Para Zelaya, o motivo do golpe contra ele foi a condução da política econômica do seu governo, contrária à política neoliberal. Essa política representou desenvolvimento extraordinário do país, com crescimento de 7% ao ano e redução de 60% da pobreza extrema em dois anos de governo.

Ele disse que se aliou aos governos do Sul, principalmente o Brasil, Cuba e Venezuela, que o ajudaram em projetos de saúde e educação, conseguindo benefícios para o seu país que não foram conseguidos em 20 anos alinhados aso Estados Unidos e Europa. E disse ainda que nunca, nenhum desses países condicionou acordos comerciais com instalação de bases militares como fizeram os Estados Unidos.

Para o ex-presidente hondurenho, o capitalismo está em crise e a solução para a crise econômica mundial é “avançar no processo de democratização em nossos países e que seja bem definido o papel das Forças Armadas nos países da América Latina”, afirmou. “É preciso passar das democracias tradicionais às democracias participativas. Só com a democracia participativa teremos a garantia dos direitos humanos", concluiu.

Reivindicações apresentadas

Na abertura do evento, a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, deputada Manuela d’Ávila (PCdoB-RS), cobrou a efetivação da Lei de Anistia em sua plenitude. A mesma reivindicação foi feita no documento oficial do evento, discutido e aprovado nas oficinas temáticas realizadas nesta segunda-feira (17).

O documento oficial, do qual constam 18 itens, cobra desde a implantação da Comissão da Verdade até o reconhecimento pela Organização das Nações Unidas (ONU) do estado palestino. No texto, também são reivindicados os direitos dos servidores demitidos no Governo Color e anistiados por lei posterior.

“Em razão das consequências das violações praticadas pelo Estado Brasileiro, caso não sejam implementadas imediatamente, as propostas contidas neste documento, os anistiados de todo o país, entendem que o único anistiado é o Estado, ainda eivado de ranços e bolsões autoritários”, diz o documento.

Após a palestra de Manuel Zelaya, houve a leitura do documento oficial, que será encaminhado à Presidente Dilma Rousseff e outras autoridades; foi exibido o documentário - Ditadura Nunca Mais! E executado o hino nacional.

FAO: situação da fome no mundo é alarmante e dramática


Representantes da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e do Programa Alimentar Mundial (PAM) advertiram nesta terça-feira (18) a comunidade internacional sobre a situação da fome no mundo, considerada por eles alarmante e dramática.
Para os especialistas, a situação se agrava com o crescimento da população mundial e a elevação constante dos preços dos alimentos. A região que mais sofre no mundo é a conhecida como Chifre da África onde está a Somália.

“Uma em cada sete pessoas no mundo vai para a cama com fome, na maioria mulheres e crianças”, disse a diretora da representação do PAM em Genebra (Suíça), Lauren Landis, no seminário intitulado Lutar Juntos Contra a Fome. “A fome mata anualmente mais pessoas do que o vírus que transmite a Aids, a malária e a tuberculose”, acrescentou.

No período de 2005 a 2008, os preços dos alimentos atingiram o nível mais elevado dos últimos 30 anos. Os alimentos mais afetados são o milho e o arroz. “A situação assumiu proporções dramáticas a partir de 2008, quando os preços alcançaram um pico histórico e quase duplicaram num período de três a quatro anos”, disse o diretor da FAO em Genebra, Abdessalam Ould Ahmed.

Ahmed acrescentou ainda que a situação atual é “mais dramática” porque o aumento dos preços dos alimentos ocorre no mesmo momento do agravamento da crise econômica internacional.

Para ele, a elevação dos preços é uma consequência, entre outros fatores, do aumento substancial da população mundial. “Cada ano existem no mundo mais 80 milhões de bocas para alimentar”, disse Ahmed.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Colômbia: Estudantes em assembleia permanente contra privatização

Os estudantes também afirmam que a reforma não foi discutida com a comunidade universitária
Estudantes universitários, em greve por tempo indeterminado na Colômbia, anunciaram que permanecerão em assembleia permanente até conseguir que o governo de Juan Manuel Santos retire o projeto de reforma da educação desse país, que entre outras coisas, denunciam, pretende privatizar o ensino. O protesto desta quarta-feira (12) deixou um morto e mais de 70 feridos.
O correspondente da Telesur na Colômbia, Milton Henao, precisou que na cidade de Cali foi registrada a morte de um estudante identificado como Jan Farid Cheng Lugo, que morreu após a explosão de um artefato, enquanto participava do protesto.
Na cidade de Bogotá, capital, foi registrada a prisão 20 estudantes. Na ação, cinco ficaram feridos. Também em outras cidades, nas quais o protesto foi replicado, foram registrados três feridos.

O correspondente explicou que em Bogotá, por exemplo, havia sido acordado com as forças de segurança, sob mediação de uma organização de direitos humanos, a elaboração de grafites como forma de protesto.

No entanto, a polícia “encarou” um estudante que realizava seus grafites e a partir desse momento iniciaram os enfrentamentos.

Henao explicou que os estudantes permaneceram nas ruas e se declararam em assembleia permanente, exigindo a retirada do projeto de Reforma da Educação Superior.

Esclareceu que o movimento protesta contra a possível privatização da educação superior e tem medo de que seja necessário endividar-se para poder estudar. “Definitivamente é endividar seu futuro e não há aqui uma educação inclusiva para todos os jovens colombianos, que saem da educação primária e secundária”

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Placa na USP chama golpe militar de 'revolução de 1964'


Uma placa que indica a construção de um monumento em homenagem aos mortos e desaparecidos da ditadura chama o golpe militar de "revolução de 1964".
A obra, na Cidade Universitária da USP, é parte de parceria entre a universidade e Secretaria de Direitos Humanos da Presidência.
Ela é patrocinada pela Petrobras tem custo estimado em R$ 89 mil.
O termo "revolução" é usado por militares que negam que tenha havido uma ditadura no país de 1964 a 1985.
Segundo a secretaria, a obra faz parte do projeto "Direito à Memória e à Verdade", que inclui a criação da Comissão da Verdade.
"Considero o termo utilizado um absurdo. Farei contato com o reitor para mudar imediatamente a inscrição", disse a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos).
A reitoria da USP diz que houve falha na confecção e que o "erro será corrigido o mais rápido possível". Procurada, a Scopus Construtora, responsável pela obra, não se pronunciou.