quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Herzog nunca foi uma "ameaça nacional", diz aliado da ditadura







O ex-governador de São Paulo, Paulo Egydio Martins, que governou o estado entre 1975 e 1979, durante a ditadura, afirmou nesta terça-feira (26) que muitas empresas financiaram o golpe contra João Goulart, presidente deposto pelo golpe em 1º de abril de 1964. "É difícil encontrar alguém que não tenha financiado a conspiração", disse, em depoimento à Comissão da Verdade da Câmara de vereadores de São Paulo. "O volume de dinheiro repassado aos coronéis aumentava a cada discurso inflamado do Jango”.

Na foto, Vladimir Herzog. Comissão da Verdade da Câmara Municipal ouviu de Paulo Egydio Martins, que governou o estado de São Paulo entre 1975 e 1979.
 Segundo o ex-governador, os empresários usavam dinheiro de caixa dois nessas doações. "Ninguém doava dinheiro de lucro", afirmou. No depoimento, ele negou que soubesse do financiamento dos órgãos de tortura e da própria estrutura da ditadura.

Egydio afirmou que fazia parte do núcleo de pensamento estratégico da conspiração, que contava com outras figuras ilustres, como o ex-diretor do jornal O Estado de São Paulo, Júlio de Mesquita Filho.

Para o ex-governador,que também foi ministro do Desenvolvimento no governo Castelloo Branco (1964-66), as mortes do jornalista Vladimir Herzog e o metalúrgico Manuel Fiel Filho, em 1975 e 1976 respectivamente, assassinados sob tortura no DOI-Codi, foram planejadas pela linha dura do regime, com o suposto objetivo de desestabilizar o governo do general Ernesto Geisel.

“Não é possível que alguém acredite que Herzog pudesse representar uma ameaça nacional. Um metalúrgico que distribuía a Voz Operária poderia ser uma ameaça nacional? Não tinha nada que mostrasse que ele e Herzog oferecessem algum tipo de risco, mas com a morte deles a população iria ficar exaltada e aí seria justificada uma ação mais violenta do Exército”, afirmou.

"Eu era um homem de confiança do Geisel em São Paulo. Militares linha dura, como o ex-ministro do Exército Sylvio Frota, não queriam que o Geisel efetivasse a abertura política. Causando problemas em São Paulo, esperavam atingir o presidente", disse Egydio.

Ele destacou a destituição do comandante do II exército, Ednardo D’Ávila Mello, após os assassinatos. "Um caso inédito na história do Brasil. Nem na Guerra do Paraguai houve a dispensa de um militar de alta patente", afirmou.

Para o vereador Gilberto Natalini, presidente da comissão, o depoimento é importante pela representatividade do ex-governador. "Ele participou da articulação e do governo, conhece o processo por dentro. Negou conhecimento sobre algumas coisas, como da estrutura do DOI-Codi, que não é possível crer que não tivesse, na posição dele. Mas foi um bom depoimento", considerou.

A última reunião de 2013 da Comissão da Verdade da Câmara Municipal será no dia 10 de dezembro, às 10h. Nela será ouvido João Vicente Goulart, filho do ex-presidente deposto João Goulart.


Comissão da Verdade afirma que é preciso recontar a história






Três integrantes da Comissão Nacional da Verdade afirmaram, nesta terça-feira (26), que a principal preocupação da comissão, atualmente, é recontar a história do país de forma transparente e pedagógica e, assim, colaborar para a construção de um sistema amplamente democrático.

A afirmação foi feita durante audiência da Subcomissão Permanente da Memória, Verdade e Justiça, que funciona no âmbito da Comissão de Direitos Humanos do Senado.

O advogado José Carlos Dias explicou que a responsabilidade da comissão de recontar os fatos se dá, principalmente, em razão dos jovens, que ouviram falar do golpe militar, mas não presenciaram a violência da ditadura no país. Para ele, esse é um dever pedagógico que deve ser cumprido para que o país nunca mais permita que golpes como o de 1964 atinjam a população.

“É um compromisso nosso com a democracia. Nós temos que indicar aqueles que fizeram com que todo esse processo de violência se desencadeasse. Temos os mortos e desaparecidos que clamam pelo direito de serem respeitados perante a história”, disse.

José Carlos Dias ressaltou que esse é um problema nacional e afirmou que a Comissão Nacional da Verdade já cumpriu um importante papel ao despertar a consciência do país incentivando a proliferação de comissões estaduais, municipais, sindicais, universitárias, coorporativas e temáticas que tratam do assunto.

O senador João Capiberibe (PSB-AP), que preside a subcomissão, explicou que ainda persistem grandes dificuldades na construção da democracia no país, já que o Brasil é uma nação conservadora que se prende a estruturas injustas. O senador lembrou que o país foi o último a libertar os escravos, o único da América Latina a não fazer reforma agrária e que ainda protege os que torturaram e assassinaram durante a ditadura.

O vice-presidente da subcomissão, senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), disse que o resultado dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade vai representar a conclusão da “longuíssima transição democrática brasileira". Randolfe afirmou que é impossível o país olhar para a frente desconsiderando o passado e ressaltou que, quando um país perde a sua memória histórica, volta a cometer os erros do passado.

Divisão do trabalho

Criada por lei em 2011, a Comissão Nacional da Verdade foi instituída em maio de 2012 e, desde então, vem apurando as violações de direitos humanos ocorridas no Brasil entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988. A advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha explicou que a comissão é dividida em grupos de trabalhos (GTs) que apuram temas específicos: Golpe de 1964, Estrutura de Repressão e Ditadura, Sistema de Justiça e O Estado Ditadorial-Militar.

Ela explicou que, além das reuniões dos grupos, a comissão considerou fundamental, ao longo do seu trabalho, tomar depoimentos de vítimas e violadores e realizar audiências públicas. A advogada informou que já foram realizadas cerca de 50 audiências da comissão, mais de 30 audiências compartilhadas e já foram tomados 500 depoimentos.

Rosa Maria ainda ressaltou a importância dos encontros realizados com outras comissões estaduais e municipais da verdade e considerou imprescindível o ajustamento desses trabalhos à moderna visão de verdade e de democracia.

O advogado e professor universitário Pedro Dallari disse que um dos objetivos da Comissão da Verdade é colaborar para que o trabalho de mobilização da sociedade brasileira se prolongue além da duração da comissão e informou que o grupo solicitou uma prorrogação dos trabalhos, que deveriam se encerrar em maio de 2014, para que o relatório final não seja elaborado às pressas.

“A comissão tem muita clareza da expectativa, não só do Senado, mas de toda a sociedade de que se consiga efetuar um amplo trabalho de sistematização do quadro de graves violações aos direitos humanos que prevaleceu no país ao longo das últimas décadas”, disse.

Da Redação em Brasília


Com Agência Senado

Mano Oraculo participa do Circuito Hip Hop Jundiaí-SP






Debate sobre a importância da organização do Hip Hop.

Foto: Raisuli Hudson, Beto Teoria e Mano Oraculo


Aconteceu na cidade Jundiaí o Circuito Hip Hop Nação Hip Hop Brasil com debates, apresentações artísticas e lançamento do livro Sabotage “Um Bom Lugar” de Toni C e Poucas Palavras do Renan do grupo Inquérito.





Essa foram as atrações do evento:

Inquérito Toni C * Sabotage Um bom lugar * Celo X * Nuno Mendes Espaço Rap * Mano Oraculo* DJ PYGG * Raisuli Hudson * Matilha Cultural * Ponto 50 Breaking * Mer Imortal Insane * Graffiti *

Data: 23 de Novembro


Local: Clube 28 de Setembro / Jundiaí-SP


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Lançamento do Livro Sabotage " Um bom lugar" em Jundiaí-SP







Eterno Sabotage !!!

Um bom lugar se constrói com humildade! 

Estou lendo a biografia do Rapper Sabotage “ Um bom lugar”, indico para todos meus amigos, comprem para ajudar a família desse guerreiro do rap nacional.
Livro Monstrão!!

Valeu Toni C pela dedicatória.
Abc

Viva o Sabota Malokero!!!

Circuito Hip Hop Nação Hip Hop Brasil
Clube 28 de Setembro Jundiaí-SP

 Lançamento do Livro Sabotage “Um bom Lugar”. 

Rappers homenagearam Sabotage em Jundiaí-SP






Foto: Mano Oraculo no Beat Box e Renan do Inquérito.

Palestras, workshops e muita música deram o tom da 5ª etapa do Circuito Brasil de Hip Hop, realizado neste sábado (23) no Clube 28 de Setembro, e que contou ainda com o lançamento do livro "Sabotage - Um bom lugar", do escritor  Toni C.

"Sabotage é um personagem que mesmo morto há uma década é impossível mensurar a importância para a cultura do hip hop e para  cultura brasileira em si", disse o escritor. Toni conta que o trabalho do livro começou graças a um desencontro. Ele participava do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, onde o rapper também era esperado, quando recebeu a notícia da morte do artista. "Coube a mim, mais ou menos como um enviado de guerra, contar para todos aqueles jovens sobre a morte do Sabotage", relembra.

 A partir dali, Toni começou uma pesquisa extensiva. Ele entrevistou "uma página" de pessoas (todas citadas nos agradecimentos do livro) e precisou correr atrás de documentos que comprovassem a história do biografado, uma das partes mais difíceis, segundo Toni. Outra etapa equivalente em trabalho foi a autorização da família para publicar a obra como uma biografia oficial.

"Dos 10 anos que levei para fazer o livro, nove deles tentei a autorização", contou o autor, que aproveitou para opinar sobre a polêmica das biografias. "Não é o caso desse livro em si, pois é uma biografia oficial, mas nem nos tempos da ditadura os livros sofriam uma censura prévia como acontece com essa proibição de agora."

O Circuito Hip Hop. projeto da nação Hip Hop Brasil, é uma iniciativa para divulgar a cultura do movimento no contexto social da juventude. Além de Jundiaí, o circuito já passou por Salto, Ribeirão Pires e por bairros de São Paulo.

De Jornal de Jundiaí.

Livro infantil conta histórias de crianças sequestradas durante ditadura na Argentina






Relatos são inspirados em depoimentos de netos encontrados pelas Avós da Praça de Maio

“Ele foi sequestrado no dia 24 de março, nesse dia certinho. É fácil de lembrar porque nesse dia a gente não vai à escola. É o Dia da Memória.” O 24 de março ao que o fragmento se refere aconteceu no ano 1976, quando um golpe militar derrubou Isabel Perón (1974-1976) na Argentina. Nesse dia, Gastón Gonçalves foi levado por agentes do governo recém-instaurado e seu corpo, encontrado em abril do mesmo ano no acostamento de uma estrada, foi enterrado como indigente.

Gastón é o pai de Manuel Gonçalves, um dos 109 netos que as Avós da Praça de Maio conseguiram localizar nos 36 anos de busca por bebês sequestrados ou nascidos em cativeiro durante a última ditadura (1976-1983). A história desse bebê – hoje um homem de 37 anos – não se parece com os livros que pais e mães leem aos filhos para fazê-los dormir. Mas, contada por ele mesmo, virou um dos relatos de um livro infantil lançado na Argentina pela editora Calibroscopio.




Os quatro pequenos capítulos de ¿Quién Soy? ("Quem sou?", em tradução livre) são inspirados em depoimentos de seus protagonistas e narram o reverso dos contos de fadas em forma de aventura, suspense e, também, terror. Cada história foi adaptada ao universo infantil por escritores e ilustradores que, sem meias palavras e com imagens fortes - mas, cheias de sensibilidade - contam às crianças de hoje esse capítulo difícil da história argentina. Ao final de cada narrativa, o autor ou autora explica, à parte, como aquela experiência real se transformou na história que aparece no livro.


A compilação de “relatos sobre identidade, netos e reencontros” - subtítulo da obra - é uma aposta para falar seriamente com as novas gerações sobre o que aconteceu com a de seus pais. As Avós da Praça de Maio estimam que cerca de 500 bebês nascidos entre 1975 e 1980 foram registrados como filhos próprios ou adotados em orfanatos onde foram deixados sem informação sobre sua procedência. Elas acreditam que as 400 crianças que elas ainda procuram são hoje adultos, alguns já pais e mães de outras crianças, seus bisnetos.

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A essa nova geração, nascida depois de quase 30 anos de democracia ininterrupta na Argentina, as Avós querem transmitir a necessidade de se continuar buscando, de encontrar as verdadeiras famílias, de conhecer a história, ainda que não seja um conto de fadas. “Para você, para vocês, (…) que entendem desde sempre o valor de viver em liberdade, é mais fácil que para muitos adultos. As Avós sabem. Sabem que, se encontrarem seus netos, é possível que encontrem seus bisnetos. E que em vocês a luz da verdade é brilhante. MUITO brilhante”, diz o epílogo de Paula Bombara, autora do primeiro relato, “Manuel não é o Super-Homem.”

Histórias reais

Manuel foi sequestrado em novembro de 1976 na capital argentina, no mesmo operativo em que sua mãe, Ana Maria, foi assassinada. Quando nasceu, em junho do mesmo ano, seu pai já estava desaparecido e seus restos só foram identificados em 1996. Manuel foi encontrado por agentes da ditadura dentro de um armário, chorando, no fim do tiroteio em que sua mãe foi morta. Foi levado a um hospital onde passou quatro meses isolado, custodiado por membros das forças de segurança. Manuel cresceu em Quilmes, na Grande Buenos Aires, e sempre soube que havia sido adotado, mas nunca em que circunstâncias.

A história de Jimena Vicario é parecida. Aos oito meses, foi sequestrada junto à mãe, que tentava sair do país, em Buenos Aires. No mesmo dia, 5 de fevereiro de 1977, seu pai foi sequestrado em Rosário, onde a família morava. Jimena foi abandonada em um orfanato e adotada por uma funcionária, até que, em 1986, sua família a encontrou. A protagonista do capítulo inspirado por sua história é uma menina que conversa com o cachorro sobre as angústias de uma criança que se vê obrigada a escolher Buenos Aires e Rosário, entre uma mãe adotiva que ama e uma avó que a buscou por quase 10 anos.



Ilustração de Irene Singer para o capítulo que conta a história de Manuel em ¿Quién Soy?


Athos, seu companheiro canino, é o único confidente sobre o que sente ao descobrir que tem uma avó, que seus pais estão mortos e sobre a raiva que sente do juiz que determina que ela passe metade da semana em cada cidade -  onde é chamada por nomes diferentes (seu nome adotivo era Romina) e tem dois cachorros diferentes. Jimena aprendeu a andar aos três anos de idade e todos acreditavam que, até os quatro anos, não era capaz de falar. Mas Iris Rivera, autora de seu relato, conta que a menina mantinha conversas secretas com seu cachorro e com seus brinquedos, mesmo que se recusasse a falar com seres humanos.

Irmãos separados

O relato epistolar de Mario Mendez revela a história de Sabrina Negro Valenzuela, que escreve a seu irmão gêmeo, de quem ainda hoje não se sabe o paradeiro, para falar de sua vida e de como foi bom reencontrar-se com Sebastian, o irmão mais velho por parte de mãe. Seus pais, Raquel Negro e Tulio Valenzuela, eram militantes importantes na hierarquia dos Montoneros, guerrilha e movimento popular de raiz peronista.

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Raquel, Tulio e Sebastian foram sequestrados na cidade litorânea de Mar del Plata, em janeiro de 1978, quando a mulher estava grávida de cinco meses. Os três foram levados a um centro clandestino de detenção em Rosario, a “Quinta de Funes”, um dos cenários macabros do livro Recuerdo de la muerte (Lembrança da morte, em tradução livre), do jornalista e militante montonero Miguel Bonasso.

Em quase 500 páginas, Bonasso conta a história do sequestro de Jaime Dri, sobrevivente de vários centros clandestinos de detenção, que conseguiu escapar na fronteira da Argentina com o Paraguai, aonde foi levado por agentes da ditadura para que “marcasse” (denunciasse) outros militantes. O depoimento de Dri e o livro de Bonasso foram fundamentais para que Sabrina soubesse que junto a ela nasceu outro bebê, um menino.




Seu pai foi levado ao México para que exercesse uma função parecida à que os militares designaram a Dri. Tulio Valenzuela deveria fazer contato com a cúpula dos Montoneros, muitos exilados no país norte-americano, e ajudar os militares a chegar até eles. Tulio escapou e, junto aos líderes do movimento, organizou uma coletiva de imprensa onde contou sua história e a de Raquel, que havia ficado sob custódia na Quinta de Funes, como garantia de que Velenzuela cumpriria sua parte no acordo.

Sabrina escreve ao irmão gêmeo desconhecido
Essa história aparece na carta de Sabrina ao irmão gêmeo, escrita por Mario Mendez. “A mamãe, querido gêmeo, estava presa e já havia sido condenada. O papai estava longe, sofrendo com o que sabia que ia acontecer, desesperado.” Raquel foi vista pela última vez quando ia dar à luz no hospital militar da cidade de Paraná. Tulio retornou à Argentina de forma clandestina, ainda durante a ditadura, e está desaparecido até hoje.

Outra história de irmãos separados pela repressão a militantes de resistência à ditadura é a de María de las Victorias e Marcelo. Ele tinha quase quatro anos e ela menos de dois quando foram abandonados em orfanatos de Cordoba e Rosario, com uma placa pendurada no pescoço com a mensagem “meus pais não podem me criar” ao lado de seus nomes. A família foi sequestrada em maio de 1980, depois de ter estado exilada na Suíça, onde María de las Victorias nasceu. Os pais, Silvia Dameri e Orlando Ruiz, continuam desaparecidos.

A escritora Maria Teresa Andruetto, que adaptou o relato dos jovens, narra a lembrança que Marcelo tem de viajar em um Peugeot 404 vinho, de mãos dadas com sua irmã, assustados pelos dois homens desconhecidos que sentavam na parte dianteira do carro. Ambos foram adotados por famílias que os criaram sem esconder o que sabiam de suas histórias e Marcelo foi localizado em 1989. Maria de las Victorias foi identificada dez anos depois, quando procurou as Avós da Praça de Maio depois de se reconhecer em um jornal que publicou uma foto em que aparece ainda bebê ao lado da mãe.


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Silvia estava grávida de cinco meses quando foi sequestrada. A terceira filha do casal, Laura, nasceu durante o cativeiro da mãe e foi encontrada em 2008. Juan Antonio Azic, um dos integrantes do aparelho repressivo que atuava em um dos maiores centros clandestinos de detenção da Argentina, a ESMA (Escola Superior de Mecânica da Marinha) se apropriou de Laura, que foi criada como irmã de outra filha de desaparecidos, a hoje deputada federal Victoria Donda, identificada em 2004.

Hoje, Azic está internado em um hospital psiquiátrico depois de uma tentativa de suicídio. Foi condenado por participação no plano sistemático de sequestro de bebês e também cumpre pena pelo julgamento conhecido como “Megacausa ESMA”, local onde foi visto torturando um bebê de 20 dias para que o pai delatasse companheiros de militância.

“Dá pra ver que os adultos não gostam de falar da ditadura. Eu gosto. É ruim que tenha existido, mas, sei lá. Também não sinto medo, porque quem fez isso tem que estar preso”, pensa o narrador-personagem da história de Manuel. O menino relata o que ouviu de sua amiga Martina, verdadeiro nome da filha do jovem encontrado em 1997, bisneta de Matilde Pérez, uma avó que reencontrou seu neto.



Marcha das Avós da Praça de Maio


Arquivo Abuelas


Rolê de Skate em Sampa







Edson Sagaz Bicho Solto na minha opinião um dos maiores rimadores do Brasil, som pesado, grande irmão das correrias do Hip Hop no Brasil e MC do grupo de Rap Suspeitos NA MIRA rap monstrão, em 2006 gravamos um som que se chama "O moio" lançado no trampo Ruologia disponível no www.myspace.com/manooraculo nesta foto, rolê de skate pela manhã na cidade de São Paulo arquitetando novos projetos. È nóis Sagaz, tamo junto craca!

Mano Oraculo / Praça da Sé





Vale do Anhangabaú Mano Oraculo, Sagaz e Nego Doido de Marilia-SP












Prefeitura de SP busca dados de vítimas da ditadura






O Arquivo Histórico de São Paulo iniciou, pela primeira vez em quase 50 anos, um "pente-fino" nos dados de pessoas enterradas durante a ditadura militar (1964-1985) nos cemitérios de Perus e da Vila Formosa. O objetivo é identificar presos políticos desaparecidos naquele período, que podem ter sido sepultados como indigentes ou com nomes falsos por agentes da repressão.

Técnicos do órgão da Prefeitura iniciaram o trabalho na semana passada, ao recolherem livros com registros de óbitos nos cemitérios de Perus, na zona oeste, e da Vila Formosa, na zona leste. Deputados da Comissão Nacional da Verdade acreditam que os dois locais receberam corpos de presos políticos jamais encontrados pelos seus familiares. Em Perus, uma vala clandestina com restos mortais de presos políticos foi descoberta em abril de 1990.

"O trabalho consiste em digitalizar todos os livros manuscritos com referências ao sepultamento, como idade, cor da pele, características físicas. E disponibilizar esses dados para serem cruzados com outras informações de familiares e da Comissão da Verdade. Corríamos o risco de ver toda essa documentação desaparecer em poucos anos", afirmou Afonso Luz, diretor do Arquivo Histórico.

A primeira tarefa do trabalho, segundo Luz, será restaurar os livros de sepultados. "Precisamos restituir a fibra do papel, encontrar linhas de grafia que foram rasgadas. Depois tudo será passado para um papel japonês, super fino, antes da digitalização", acrescentou. A Comissão da Verdade acredita que cerca de 180 presos políticos na capital paulista foram enterrados com nomes falsos ou como indigentes no período do regime.

A ofensiva nos arquivos de sepultados no período da ditadura militar é a maior aposta de parlamentares e parentes de desaparecidos políticos na tentativa de encontrar as vítimas da repressão. "Nós vamos abrir esses dados para consulta de qualquer interessado. Esses dados nunca foram colocados ao público", disse Luz.


Paralelo ao trabalho do Arquivo Histórico, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos também estuda criar uma comissão da verdade municipal, vinculada à gestão do prefeito Fernando Haddad (PT).

Reunião da Executiva Nacional da Nação Hip Hop Brasil





Preparando o 5º Encontro Nacional do Hip Hop que acontecerá no mês de março de 2014, interessados em participar fazer contato  e pau no gato.




Mano Oraculo-SP, White Jay-RS , Marcelo Osasco-SP,Sagaz  -ES,Raisuli-Salto-SP,Néia Oliveira-São Vicente-SP, Beto Teoria -SP,Gi- Santana do Parnaíba-Sp,Nuno Mendes Espaço Rap,  Hot Black-SE, B.Boy Cris Ribeirão Pires-SP. Uma só Nação!

15 / Novembro/2013.






Encontro de amigos de milidukas do rap nacional.


MC White Jay monstrão do Hip Hop-RS, apresentador do programa de Hip Hop da TVE-RS acabou de lançar seu cd "Sente o Rap" e meu parceiro de milianos de Aracajú Sergipe  MC Hot Black, monstro do Hip Hop do nordeste, apresentador do programa Estação Periferia da TV Aperipê, entre outras mil fitas sociais que esses manos estão realizando pelo Brasil a fora.Sempre uma satisfação encontrar com esses manos.Valeu!


Elza Monnerat: símbolo de um tempo de lutas






Este é o prefácio à segunda edição do livro Coração Vermelho: a vida de Elza Monnerat, de autoria de Verônica Bercht. Lançado em 2002. estava esgotado, e a Fundação Maurício Grabois, com a Anita Garibaldi lançam agora a 2ª edição do livro, enriquecida com este prefácio de Paulio Abrão e atualizada pelo pósfácio de Priscila Lobregatte. 

Por Paulo Abrão

O gênero biográfico se presta a muitos fins. Algumas biografias sem maiores pretensões simplesmente permitem a seu leitor satisfazer uma curiosidade, adentrando em espaços privados da vida alheia que de outra maneira permaneceriam inacessíveis. Este não é o caso do presente livro.
Verônica Bercht percorre outra trilha. Se é bem verdade que, sim, através desta obra podemos conhecer um pouco mais da vida pessoal e das escolhas particulares da militante comunista Elza Monnerat, o fio condutor do texto não será pautado por momentos privados, mas sim por um profundo senso público de comunidade. Não serão as escolhas pessoais, mas sim a participação individual nas ações coletivas que dará a tônica da narrativa. Mas importa destacar que disso não decorre que a “personagem” Elza Monnerat desapareça no coletivo, ocorre o oposto: ao explorar a vida de Elza, Verônica nos permite compreender quão importante foi sua luta para a construção da resistência à opressão, à ditadura e ao capitalismo. Permite-nos, portanto, resgatar o papel que cada um de nós tem, a seu tempo, ante aos desafios que a história nos impõe.

É assim que esta biografia, ao relatar a história de Elza e seu “coração vermelho”, nos abre a possibilidade de melhor compreender a dinâmica política de um tempo de intensas contradições onde alguns – como Elza – optaram por lutar com todas as forças, e os meios de que dispunham, para mudar um mundo que lhes parecia injusto e injustificável.

A vida de Elza funciona, desta feita, como ilustração dos anseios de toda uma geração de lutadores sociais ligados ao Partido Comunista do Brasil. O PCdoB foi uma das organizações mais reprimidas pela ditadura civil-militar brasileira. Elza nunca foi uma grande figura pública do Partido, de modo que se torna ainda mais admirável sua constante postura de luta. Nos tempos correntes, onde uma completa paralisia ideológica se aflige sob muitos setores sociais – ensejando um senso comum de que a realidade social “é o que é”, e não o que os homens dela fizeram –, sua atuação revolucionária abnegada permite-nos relembrar momentos onde a tomada de posição era muito mais custosa em termos pessoais, e onde pessoas como Elza colocaram sua vida à disposição de uma causa.

A história de Elza, portanto, nos alimenta de combustível para seguir em frente na disputa contra a ideia torpe de que uma sociedade não ideológica é possível, de que a neutralidade é desejável e de que o mundo simplesmente é o que é.

É por isso que essa lembrança de lutas que a história de Elza faz eclodir nos chama a atenção para a própria tessitura do espaço político.

Enquanto locus de disputa, o político é sempre instável, permeável, modificável. Resgatar essa dimensão é fundamental para todos aqueles que ousam se indignar, uma vez que é desta constatação de que sim, podemos mudar o mundo, que nasce a energia revolucionária que nos permite transformar aspirações em realidades.

Muitos poderão hoje, ao mirar o retrovisor da história, questionar algumas das escolhas de Elza, de seu partido, ou mesmo da esquerda.

Numa democracia, tais questionamentos são legítimos e muito bem vindos. Não obstante, o que tais questionamentos nunca terão o condão de diminuir é o valor que se deve dar àqueles que acreditam em seus ideais e se colocam à disposição de um objetivo comum, mesmo que tal busca implique graves sacrifícios pessoais. A morte de companheiros, a tortura, o exílio e a clandestinidade foram o preço muito elevado pago por aqueles que ousaram enfrentar a ditadura. Suas escolhas foram as escolhas possíveis, e o mais importante legado que deixaram para as futuras gerações foi a coragem de optarem pelo caminho mais duro, sem jamais abrirem mão de seus ideais.

A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, em 14 de abril de 2008, reconheceu a história de luta de Elza em uma sessão pública realizada na Praia do Flamengo, no terreno onde fora um dia a sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), destruída pelas forças de repressão da ditadura. Naquela oportunidade centenas de jovens se reuniram e puderam testemunhar dois grandes momentos. Primeiro, puderam ouvir um relato bastante sucinto, embora muito emocionante, do que foi a vida e a luta de Elza. Depois, puderam ver o Estado brasileiro se dirigir a Elza (in memoriam) declarando-a anistiada política e oficialmente desculpando-se para com os atos de arbítrio contra ela perpetrados.

O mais relevante naquele momento, seguramente, foi este reconhecimento público de que jamais será lícito ao poder usar da força para restringir a arena política. O exemplo de Elza – quer concordemos com suas lutas ou não – é o exemplo de uma lutadora social irresignada, que jamais se conformou frente à injustiça, que jamais desistiu de lutar, que jamais deixou de sonhar. Esse é o seu legado: a inabalável convicção de que um mundo melhor é possível e de que é nosso dever construí-lo, valendo-nos da forças e dos meios que detemos.

A segunda edição desta importante obra faz jus à memória de Elza e afigura-se extremamente oportuna no atual contexto nacional. Se o espaço político é locus de disputas, a memória também se constitui em política. O Brasil hoje luta contra o esquecimento, buscando por meio da ativação da memória histórica construir um dispositivo de reflexão e de promoção da democracia e dos direitos humanos.

A presente obra que tenho a honra de apresentar permite, portanto, fazer justiça a uma lutadora incansável, mas, como não poderia deixar de ser ante sua tão proeminente trajetória, igualmente contribui para a reconstrução de nossa memória enquanto nação.

Brasília, janeiro de 2012.


(*) Paulo Abrão é Presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Sessão do Congresso que cassou mandato de Jango é anulada






Deputados e senadores aprovaram na madrugada desta quinta-feira (21), em sessão do Congresso Nacional, projeto de resolução que anula a sessão do Congresso de abril de 1964 que declarou vaga a Presidência da República, no mandato de João Goulart. A medida permitiu o estabelecimento da ditadura militar naquele ano e suspendeu o estado democrático de direito no país por 21 anos (1964-1985).

A proposta sobre a restituição histórica do ex-presidente é de autoria do senador Pedro Simon (PMDB-RS), que fez um discurso emocionado da tribuna da Câmara. “Foi uma das páginas mais tristes do Brasil. Aquela sessão foi ridícula, estúpida, imoral. Quereremos reconstruir a história verdadeira do país”, afirmou. A matéria segue para promulgação, que deve ocorrer em sessão especial.

Jango estava no Rio Grande do Sul quando os parlamentares o destituíram do cargo. João Vicente Goulart, filho do ex-presidente, acompanhou a sessão no Congresso. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), um dos que apresentou a proposta junto com Simon, avalia que a medida foi um golpe civil, feito por congressistas, e que deu legalidade a um ato inconstitucional. “Hoje repararemos o gravíssimo pecado que esta Casa cometeu contra a democracia. Hoje votamos a favor da democracia e do Brasil”, declarou.

O período também é marcado por graves violações dos direitos humanos, torturas, desaparecimentos e assassinatos de militantes de partidos de esquerda e movimentos sociais contrários ao regime.

O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que o Legislativo teve a oportunidade histórica de reparar o que chamou de “mancha da história do Brasil”. “Para apreciar a matéria hoje [quinta, 21], há acordo que contou com a participação de praticamente todos os partidos da Casa”, ressaltou.

Único a defender a rejeição da proposta no plenário, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) negou, da tribuna, que a sessão do Congresso Nacional daquela madrugada de 1º de abril para o dia 2 tenha sido ilegal.

Na última semana, os restos mortais de João Goulart foram levados para Brasília de São Borja (RS), cidade natal de Jango, onde foi realizado o trabalho de exumação. O objetivo é verificar se Jango morreu em decorrência de um ataque cardíaco, como divulgado na época, ou se foi envenenado por ordem da repressão brasileira, conforme alega a família dele. A cerimônia fúnebre na base aérea de Brasília contou com a participação de familiares de João Goulart, da presidenta Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula e de ministros e parlamentares.

Exilado no Uruguai e na Argentina, Jango morreu em 1976 na cidade argentina de Mercedes. No Brasil, nesse período, a ditadura não permitiu que ele recebesse as devidas honras fúnebres concedidas a um chefe de Estado.



Fonte: Agência Câmara

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Haitianos saem às ruas para pedir renúncia de presidente






Milhares de haitianos pediram nesta segunda-feira (18) nas ruas de Porto Príncipe a renúncia do presidente Michel Martelly e reivindicaram melhores condições de vida no país caribenho, o mais pobre da América.

Os manifestantes, convocados por setores da oposição e seguidos de perto por agentes da polícia e por capacetes azuis da Missão da ONU para a Estabilização do Haiti (Minustah), levavam nas mãos colheres e pratos para pedir alimentos.

A manifestação transcorreu em relativa calma pelos populosos bairros de Bel Air, Dessalines, Delmas e Petionville. Em outra mobilização em Cap-Haïtien (norte), a segunda maior cidade do país, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, segundo a imprensa local.

Também saíram às ruas partidários de Martelly, que, em alguns lugares lançaram objetos e pedras contra alguns dos manifestantes que pediam a renúncia do presidente. Ele assumiu o cargo no dia 14 de maio de 2011.

A mobilização da oposição foi convocada em meio aos recentes incidentes de violência entre manifestantes e a polícia registrados em diferentes pontos do país. Nos protestos dos últimos dias também foi reivindicada a renúncia do primeiro-ministro haitiano, Laurent Lamonthe.
A Minustah expressou no sábado “profunda preocupação” com os fatos.

Em comunicado enviado à imprensa, a chefe da missão, Sandra Honoré, se declarou preocupada "pelo ressurgimento dos atos de violência e assassinatos nos bairros de Cité Soleil e outras áreas do país".



segunda-feira, 18 de novembro de 2013

ONU revela detalhes de abusos da ditadura argentina na Copa de 78






A ditadura argentina escondeu locais de tortura e presos políticos durante a Copa do Mundo de 1978 para dar a impressão de que as acusações contra o regime eram infundadas. As informações constam de documentos oficiais e sigilosos da ONU aos quais o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso.

Por Jamil Chade




Jorge Rafael Videla com os jogadores argentinos, em 4 de julho de 1978: vitória sob suspeita.

Brasil de Rivelino vence Polônia e espera ir à final, mas Argentina goleia Peru e supera nos gols


Em cartas de presos e relatos de oficiais da entidade, a ONU constatou que a operação "Limpeza" foi estabelecida durante a Copa para esconder crimes e sequestros de dissidentes. O principal relato foi prestado em 30 de setembro de 1978 ao secretário do Conselho Econômico e Social da ONU, Teodoro Van Boven pelo dissidente Jaime Feliciano Dri.

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Ele havia sido sequestrado no Uruguai, levado para a Argentina e torturado na Escola de Mecânica da Armada (Esma), em Buenos Aires. O local se transformou em símbolo da tortura ao longo do governo militar.

Na Copa de 78, algumas seleções pensaram em boicotar o torneio. Na época, grupos de direitos humanos acusaram a Fifa de chancelar o regime argentino. Diante da discussão, a junta fez campanha para melhorar sua imagem internacional. "Nos primeiros meses de abril, em uma operação chamada Limpeza, levaram um jornalista britânico para mostrá-lo as instalações e para que ele constatasse que era mentira o que se dizia da Esma", relatou Dri.

O preso revelou que outros jornalistas foram levados apenas para um dos andares do prédio, onde os locais de tortura eram transformados em quartos normais. Os prisioneiros eram escondidos durante as visitas. "Os sequestrados eram obrigados a se vestir com uniformes de oficiais e suboficiais da Marinha, alguns da Polícia Federal, para mostrar que ali não era um centro de detenção, só de inteligência contra a subversão", afirmou. Os locais de tortura eram também disfarçados. "As salas foram desmanteladas. As camas de ferro, fixadas no chão, foram arrancadas", disse o dissidente.

Nos meses que antecederam a Copa, o governo decidiu controlar suas fronteiras, temendo a fuga de dissidentes e também para controlar a entrada de membros da oposição de países vizinhos. "Desde o início do ano de 1978, o Grupo de Tarefa da Escola Mecânica da Armada tinha pouca gente. Mas, diante dos feitos da resistência popular, eles decidem lançar uma operação de controle de fronteiras com Bolívia, Paraguai, Brasil e Uruguai, onde realizam sequestros políticos e colaboraram com as Forças Armadas", declarou Dri. Em outros documentos do mesmo ano, delegados da ONU confirmam o endurecimento do governo argentino antes do Mundial, além de ações em outros países.

Em campo, a política também pesaria. A goleada da Argentina sobre o Peru, que deixou o Brasil fora da final, foi cercada de rumores. Há dois anos, denúncias feitas a um juiz afirmam que o resultado foi um pacto entre os militares de Peru e Argentina.

Para disputar a final, os argentinos precisavam vencer o Peru por quatro gols de diferença - fizeram 6 a 0. Em 2011, o juiz argentino Norberto Oyarbide abriu investigações sobre o ex-ditador peruano Francisco Bermúdez e pediu sua prisão por sequestros e assassinatos.

De acordo com o jornal argentino El Tiempo, uma das principais testemunhas do caso, o ex-senador peruano Genaro Ledesma, revelou ao juiz que a goleada havia sido acertada entre os ditadores dos dois países e era parte de um acordo maior de cooperação entre os dois governos. Segundo a versão, o ditador argentino, Jorge Videla, aceitou receber 13 prisioneiros peruanos que, em Lima, lutavam para derrubar o governo. Em troca, Videla pediu que o Peru entregasse a partida.

Ledesma afirma que ele mesmo foi um dos presos negociados na troca. "Videla nos aceitou na condição de que o Peru permitisse a vitória da Argentina na Copa do Mundo", disse. "Ele precisava do triunfo para limpar a imagem da Argentina no mundo."

Ao Estado, um dos presos políticos que esteve na Esma, em 1978, Juan Gasparin, confirma a existência de salas de tortura e o esquema para escondê-los. Segundo ele, no dia da final entre Argentina e Holanda, os militares deram sinais de flexibilidade e colocaram uma TV para que os presos acompanhassem o jogo. "No fim, comemoramos e nos abraçamos", lembra Gasparin. "Mas, naquele clima de conquista, ninguém escutava os gritos dos torturados dentro dos centros de detenção. Estavam todos surdos."

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Direitos territoriais dos povos indígenas são desconhecidos





A Comissão Interamericana de Direitos Humanos concluiu sua 149ª sessão, realizada entre 24 outubro e 8 novembro de 2013, em Washington. A parte do comunicado publicado na sexta-feira (8) referente à situação dos povos indígenas, expressou profunda preocupação pelo desconhecimento generalizado dos direitos territoriais dos povos indígenas no continente.




Direitos indígenas são desconhecidos na América Latina

O documento também reiterou o chamado aos Estados para o cumprimento de suas obrigações de consultar e em seu caso, obter o consentimento dos povos indígenas nas decisões relativas a quaisquer medidas que os afete, de modo prévio, livre e informadas.

Nas audiências realizadas, a CIDH continuou recebendo informações preocupantes sobre a situação dos direitos humanos dos povos indígenas em países distintos da região, vinculada principalmente à persistentes ameaças e impactos dos planos e projetos de desenvolvimento e inversão e de concessões extrativistas de recursos naturais no território de seus ancestrais; a perseguição, estigmatização e criminalização de autoridades ancestrais e líderes indígenas por motivos vinculados à defesa de seus territórios; a falta de implementação de medidas efetivas para a proteção dos povos indígenas nos assentamentos voluntários no Peru; e o impacto do conflito armado nos povos indígenas na Colômbia e sua situação no contexto do processo de paz.

A CIDH colheu informações por parte de representantes de povos indígenas de Honduras, Equador e Colômbia sobre o impacto dos planos e projetos de desenvolvimento, inversão e exploração dos recursos naturais no gozo de seus direitos sobre a terra, o território e os recursos naturais. Segundo revelou, entre os efeitos que tem esses projetos, se contam a profunda degradação do meio ambiente, a destruição do território ancestral, o deslocamento de comunidades inteiras, o surgimento de pessoas não indígenas nos territórios, o envolvimento das estruturas de organização social e em última instância, a extinção física e cultural dos respectivos povos.

A CIDH expressa sua profunda preocupação pelo desconhecimento generalizado dos direitos territoriais dos povos indígenas no continente, apesar da existência de normas interamericanas que obrigam que os Estados membros da OEA velem pelo respeito e garantia dos direitos dos povos indígenas sobre a terra de seus ancestrais e os recursos naturais. Igualmente, é de suma preocupação para a CIDH, observar que representantes de diversos povos indígenas coincidiram em denunciar a existência de uma estratégia de perseguição, estigmatização e criminalização de líderes indígenas, com o intuito de silenciar e amedrontar a defesa de seus direitos sobre a terra, o território e os recursos naturais. Assim, por exemplo, a CIDH recebeu informações sobre o aumento significativo, nos últimos anos, do assassinato e tentativas de assassinatos dos líderes, como represália à luta pela proteção do território dos seus ancestrais. Em virtude disso, a CIDH instiga aos Estados membros a adotarem medidas protecionistas especiais e diferenciadas para prevenir as agressões e hostilidades contra os líderes e os outros indígenas.

Assim mesmo, a Comissão recebeu informações preocupantes sobra a situação dos povos indígenas em asilo voluntário no Peru, cujos territórios estariam sendo ameaçados pela concessão e implementação de concessões extrativistas dos recursos naturais, principalmente de hidrocarbonetos; a realização de extração de madeira legal e ilegalmente; e a incursão não controlada de terceiros. Visto que não contam com defesas imunológicas contra doenças comuns, o contato pode ocasionar não só a perda de sua visa de mundo e identidade cultural, senão também epidemias que podem causar o desaparecimento de povos inteiros.

A CIDH recebe com satisfação a notícia que o Peru conta com uma lei específica encaminhada para proteger os direitos desses povos, "Lei para proteção dos povos indígenas ou originários em situação de isolamento e a situação de contato inicial”. Porém, expressa sua preocupação devido à informação recebida segundo a qual diz que a lei não se adequaria ao princípio de intangibilidade e no contato, e pela falta de implementação efetiva de mecanismos de proteção, tais como postos de controle, protocolos de autuação e punições para quem entrar sem permissão nos territórios.

A CIDH reitera ao Estado peruano o apelo aos Estados Membros da região para garantir o respeito aos direitos humanos dos povos indígenas em isolamento voluntário através de medidas concretas e efetivas dirigidas à proteção jurídica e factual dos territórios de seus ancestrais, e abster-se de realizar ações contrárias a seus direitos.


Exumação de Jango custa menos do que uma ditadura, diz ministra






A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) disse nesta quarta-feira (13) que a exumação do presidente João Goulart (1919-1976) representa "a retomada do Estado democrático".


"A investigação é uma missão de Estado, humanitária, cumprida com total isenção", disse a ministra sobre a mobilização política prevista para a exumação de Jango.

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Questionada sobre as despesas da exumação, a ministra afirmou que: "custa menos do que uma ditadura, porque essa custou vidas, exílio, significou a morte. Estamos valorizando a democracia".

Além de Maria do Rosário, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também participa da exumação em São Borja (a 581 km de Porto Alegre), na fronteira com a Argentina.

Cardozo chegou por volta das 8h30 ao cemitério e disse que a exumação do presidente João Goulart é uma situação "simbólica" para o Brasil.

"É um momento crucial, simbolicamente muito importante para o povo brasileiro. O fato de os restos mortais serem recebidos com honras de chefe de Estado marca um momento muito importante", falou.

Cardozo afirmou que, caso o envenenamento seja comprovado, o governo ainda vai avaliar que medidas poderão ser tomadas. O ministro se mostrou otimista sobre as chances de um exame conclusivo. "Técnicas modernas podem revelar resultados e levar a conclusões. Vamos deixar os peritos trabalharem e oxalá consigam demonstrar a verdade."


Os restos mortais serão levados na manhã de quinta (14) para Brasília, onde o presidente deposto pelo golpe militar de 1964 será homenageado pela presidente Dilma Rousseff.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Festival Mundial da Juventude discutirá temas políticos







O próximo Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, que se realizará em Quito, Equador, estará centrado no debate político sobre temas como a paz na Colômbia, a educação no Chile e o processo de apoio à revolução cidadã que o presidente Rafael Correa impulsiona.

A presidenta do comitê preparatório nacional da 18ª edição do festival, Luisa Pazmiño, destacou que estes serão os principais temas em debate aos quais serão agregados outros aspectos da política mundial.

O Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, que se realizará de 7 a 13 de dezembro, demonstra que os jovens de esquerda de todo o planeta estão organizados e não se deixam influenciar muito facilmente, afirmou Pazmiño.

De acordo com a jovem equatoriana, a Federação Mundial da Juventude Democrática decidiu em 2012 que o Equador seja a sede do festival juvenil e estudantil em reconhecimento a todas as transformações sociais que vêm ocorrendo no país com a Revolução Cidadã, impulsionada pelo presidente Rafael Correa.

Pazmiño esclareceu que à margem do debate político haverá também uma agenda cultural e esportiva.

Na atualidade os debates sobre a realidade equatoriana e regional, realizam-se nas 24 províncias da nação, por onde já passou a bandeira do festival, em um percurso denominado a Rota dos Mensageiros, utilizados pelos indígenas na antiguidade.

A rota da Costa foi denominada Eloy Alfaro; na Serra e região insular, Hugo Chávez, e a lutadora indígena que cruzou a região Amazônica, Trânsito Amaguaña
.
A mobilização permitiu realizar em cada etapa jornadas pela solidariedade, de ação e reflexão política e cultural com os jovens de cada localidade.

O secretário geral da Federação Mundial das Juventudes Democráticas, Hanoi Sánchez em conversação com a Prensa Latina assinalou que com a convergência de múltiplas juventudes, sobretudo da América Latina, se dará continuidade à integração que regional.

Ficará fortalecida, além disso, a luta pela paz e a soberania de nossos povos, afirmou.

O líder juvenil destacou que os jovens equatorianos se preparam não só do ponto de vista logístico e organizativo para uma bem sucedida festa juvenil internacional, mas também do ponto de vista da formação política.

Hanoi Sánchez considerou que como país sede, os jovens equatorianos têm a imensa responsabilidade de serem os embaixadores da Revolução Cidadã e dos processos que se realizam neste país.

O dirigente comentou detalhes do programa do evento mundial e apontou que em 7 de dezembro será o ato der abertura, embora já desde o dia 6 ocorrerão seminários, conferências e oficinas com temáticas como a luta pela paz e a soberania dos povos, os direitos ao trabalho e as agressões imperialistas a nossos países, entre outros.

Em 13 de dezembro será o encerramento do 18º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, mas além disso será o dia do Equador, para o qual os jovens desta nação se preparam, assegurou.

O magno evento juvenil estará dedicado às figuras do Comandante Hugo Chávez, Eloy Alfaro e Kwame Nkrumah, líder do pan-africanismo ganês que foi eleito como ponte de imbricação e solidariedade já que o festival anterior foi realizado na África, ressaltou Sánchez.


Nuriem de Armas, correspondente da Prensa Latina no Equador