quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Movimento camponês denuncia política repressiva no México




Após o assassinato da líder da Organização Camponesa do Sul Serra (OCSS ), Rocío Mesino Mesino, a Frente Nacional de Luta pelo Socialismo (FNLS) do México denunciou que se implementou uma campanha de assassinatos extrajudiciais para "eliminar as vozes incômodas de protesto" ao governo no estado de Guerrero e em todo o México.




Política de Estado se aplica de maneira sistemática contra lutadores sociais no México.

A FNLS responsabilizou o presidente Enrique Peña Nieto e o governador de Guerrero, Angel Aguirre Rivero, pelo assassinato de Mesino e exigiu o esclarecimento imediato dos fatos e que os autores materiais e intelectuais do crime sejam punidos.

"No Estado de Guerrero e no resto do país está se implementando a execução extrajudicial para eliminar as vozes incômodas de protesto contra o Estado, neste sentido, tem lugar uma política de perseguição, assédio e, em alguns casos, de assassinato - como o da companheira Rocio Mesino comprometida com as causas populares", disse o grupo.

A Frente Nacional mexicana, que agrupa diversas resistências camponesas em todo o México, denunciou que desde a imposição oligárquica de Enrique Peña Nieto à presidência da República “se tem orquestrado uma política de repressão e criminalização contra o movimento popular, para impor de maneira violenta as reformas neoliberais que o país necessita”.

Segundo a organização, o México “também recorre à prática de desaparecimentos forçados, execuções extrajudiciais de ativistas sociais, ao uso de grupos paramilitares, guardas brancos e tropas de choque, como medidas fascistas e estratégias de terror contra o povo organizado e desorganizado".

Eles ainda afirmam que esta política de Estado está em todo país e se aplica de maneira sistemática contra lutadores sociais, opositores ao regime, ativistas sociais e contra todo setor que se organiza.

Fonte: Oficio Rojo

Semer: Novas posições pressionam STF sobre Lei da Anistia







Fatos novos podem indicar que o acórdão do Supremo Tribunal Federal de 2010 pela extensão da Lei da Anistia a crimes praticados por agentes públicos não tenha sido o ponto final da discussão.

Por Marcelo Semer*, em seu blog

Depois da decisão, como se sabe, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o país pela ausência de julgamento do caso Araguaia, assinalando a impossibilidade de se aplicar uma autoanistia para evitar a apuração de crimes contra a humanidade –como, aliás, já assentava a jurisprudência internacional.

O Ministério Público Federal, por sua vez, vem ajuizando diversas ações penais com base na jurisprudência do próprio STF em casos de extradição, fundamentando-se no caráter permanente do crime de sequestro, o que, alegam, impede tanto a arguição da prescrição, quanto da própria anistia.

Uma das ações, cuja viabilidade foi recentemente reconhecida pela Justiça Federal de São Paulo, envolve justamente um dos expoentes da ditadura, o coronel Brilhante Ustra, e tem audiência de instrução designada para o começo de dezembro.

O próprio ministro Marco Aurélio, que foi um dos votos pela validade e extensão da Lei da Anistia no Supremo, admitiu, recentemente, que a alteração da composição do tribunal pode mesmo determinar um novo julgamento –a Ordem dos Advogados do Brasil já anunciou que vai voltar a questionar o tema no STF.

Um dos novos ministros, Luis Roberto Barroso, também insinuou que a questão deve retornar à apreciação do órgão. Se o fizer, já se sabe que a Procuradoria Geral da República, após a posse do novo titular, Rodrigo Janot, alterou a posição anteriormente ofertada pelo antecessor Roberto Gurgel. O Ministério Público, enfim, é a favor do julgamento dos agentes públicos envolvidos em crimes contra a humanidade.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, Diego Garcia-Sayán, afirmou que “cada país tem o seu próprio tempo para punir agentes” – e que a CIDH não recebeu nenhuma informação de que sua sentença não seria cumprida por aqui. Para Garcia-Sayán, que vem ao Brasil presidir sessões da Corte entre os dias 11 e 15 de novembro, o país deve ir adotando os passos em algum momento.

Desde a decisão do STF, contrária ao julgamento de responsáveis por crimes contra a humanidade, o país instalou a Comissão Nacional da Verdade, decisões judiciais determinaram a alteração de certidões de óbito para fazer constar na causa mortis as violências causadas pela repressão (como no caso de Vladimir Herzog, sepultando a mentirosa versão de suicídio) e, no âmbito civil, o próprio coronel Brilhante Ustra foi condenado pelo TJSP em ação declaratória que reconheceu participação na tortura.

Se cada país tem o seu tempo e a sua hora para punir os agentes da ditadura, o que já foi feito pela maioria das nações sul-americanas que suportaram quase que simultaneamente os anos de chumbo, a nossa pode estar chegando.

Especialistas acreditam que a não punição das violações tenha ligação direta com a preservação de abusos policiais. É cada vez mais presente a sensação de que a tortura se manteve intacta mesmo com a redemocratização e o inusitado de casos como o do pedreiro Amarildo pode ser apenas a identificação e a responsabilização de seus autores.

No fundo, trata-se da ideia, muito difundida socialmente, de que alguns fins possam justificar certos meios –o que não é apenas atentado à dignidade humana, mas também à própria democracia.

O momento é especialmente propício como resposta à equivocada tentação de defender que uma violência seja, quaisquer os seus motivos, adequada forma de combater outra violência.

Nesse momento, nem podemos admitir uma escalada da repressão que sufoque conquistas democráticas pelos excessos atávicos das legislações de emergência, nem supor que diante de abusos do policiamento, estejamos todos autorizados a praticar outras tantas violências contra os próprios policiais. Aqui também fins não justificam os meios.

A democracia deve resistir a essa falsa questão de extremos atacando de frente a contumaz seletividade do direito penal, uma serpente acostumada a só picar os pés descalços, e impedindo que a omissão frente aos abusos da repressão nos encaixote em um Estado policial.

O reconhecimento do direito de julgar crimes contra a humanidade pode ser um passo importante nessa trajetória.


* Marcelo Semer é juiz de direito em SP, escritor e ex-presidente da Associação Juízes para a Democracia

RJ: Comissão da Verdade detalha execução de militantes em chacina





Um episódio ocorrido em 29 de março de 1972, quando três guerrilheiros da organização VAR-Palmares foram mortos por forças da repressão militar, foi detalhado nesta terça-feira (29), em sessão da Comissão da Verdade do Rio (CEV-Rio).

Após pesquisas no Arquivo Público do estado e entrevistas com vizinhos de militantes do grupo, membros da comissão conseguiram reconstituir o episódio, que ficou conhecido como Chacina de Quintino, em referência ao bairro onde os guerrilheiros foram mortos.

"A farsa da ditatura (1964-1985) hoje cai. Os militantes não entraram em confronto com os militares. Foram sumariamente executados. Assim dizem as provas técnicas e os vizinhos, que relatam que não houve troca de tiros. Os tiros foram dentro da casa", disse Wadih.

De acordo com a versão oficial dos militares, Antonio Marcos Pinto de Oliveira, Maria Regina Lobo Leite de Figueiredo e Lígia Maria Salgado Nóbrega morreram durante uma troca de tiros com agentes do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e do Destacamento de Operações de Informações-Centro de Operações de Defesa Interna do Exército (DOI-Codi).

A pesquisa histórica permitiu, porém, que os membros da comissão remontassem os fatos, mostrando que os jovens foram executados após sofrerem violência dentro da casa, que ficava na então Avenida Suburbana, 8.985, atual Avenida Dom Hélder Câmara. Na época, era comum integrantes de grupos políticos de resistência ao regime militar alugarem imóveis, denominados aparelhos, onde se refugiavam, mantinham suas atividades e produziam material de divulgação.

Entre os documentos fundamentais obtidos pela CEV-Rio, estão os laudos do Instituto Médico Legal (IML) e o depoimento do médico legista Valdecir Tagliare, que assinou a certidão de óbito das vítimas. Segundo a comissão, o médico atestou firmou que "os corpos eram jovens demais, (estavam) bem vestidos, (e eram) visivelmente de classe média". Conforme o documento do legista, houve esmagamento total das mãos e parte dos braços, o que comprovaria os golpes causados "por armamento pesado".

Diferentemente da versão oficial dos órgãos de segurança da época, de que houve troca de tiros, o que ocorreu foi uma ação unilateral, uma execução sumária de militantes da organização VAR-Palmares, afirmou Wadih Damous. "Os militantes foram executados. Uma delas, que estava grávida, saiu da casa com as mãos na cabeça e foi sumariamente executada. Pela primeira vez, uma Comissão da Verdade consegue, documentalmente e com base em testemunhos de vizinhos, desmontar essa farsa da ditadura", disse ele.

Participaram da audiência pública parentes e amigos das vítimas, além de ex-integrantes de grupos que atuaram na clandestinidade durante a ditadura, estudantes e defensores dos direitos humanos. Irmãos e filhos dos militantes deram depoimentos sobre eles. De manhã, alguns deles foram ao local da chacina, onde acenderam velas e rezaram pelos mortos.

Fonte: Agência Brasil

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Ditador pode ser anistiado por crimes de genocídio na Guatemala






O ditador José Efraín Ríos Montt, que governou a Guatemala entre 1982 e 1983 e foi condenado por genocídio e crimes de guerra, pode estar perto de ficar livre das acusações. Isso porque a Corte Constitucional apoiou, no dia 24 de outubro, a retroatividade da anistia geral adotada no país em 1986, o que abre precedente para a libertação do general de 87 anos. A notícia gerou críticas vindas de organizações de direitos humanos de dentro e fora do país.

A Anistia Internacional (AI) afirma que uma eventual anistia de Ríos Montt seria uma "farsa judicial”. Em comunicado, Sebastián Elgueta, investigador para a Guatemala da AI, alerta: "Essa nova evolução é alarmante. Se confirmado, o país terá retrocedido várias décadas. As anistias nunca podem ser aplicadas ao genocídio e aos crimes contra a humanidade”, manifesta, acrescentando que a decisão beneficiará também outros condenados por desaparecimentos forçados, violência sexual, tortura e assassinatos.

Nesse contexto, a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) está solicitando aos parlamentos dos 28 Estados da União Europeia que não ratifiquem o Acordo de Associação União Europeia – América Central. Em comunicado, a FIDH manifesta sua consternação ante a decisão judicial e questiona a independência e imparcialidade da Corte Constitucional.

A Fundação Rigoberta Menchú também se manifestou pedindo cautela e alertando para que não haja uma interpretação errada da informação divulgada pela Corte Constitucional. Mesmo assim, pede à sociedade guatemalteca que fique alerta para as possíveis manobras da Corte e para que reivindique que todas as pessoas sejam julgadas respeitando-se a Constituição Política e o direito internacional, para que crimes de qualquer natureza não fiquem impunes.

Vale lembrar que a Corte não concedeu a anistia, mas pediu à juíza de Maior Risco "A”, Patricia Flores, que emita uma resolução fundamentando porque aceita o pedido de anulação de pena feito pela defesa do militar. As críticas residem no fato de que, ao se avaliar os argumentos da defesa, há a possibilidade de anistia ao ditador.

O artigo 8 da Lei de Reconciliação Nacional, de 1996, em que se prevê a anistia para crimes políticos cometidos durante o conflito armado interno, limita o alcance desse benefício, de modo que deixa claro que "a extinção da responsabilidade penal a que se refere a lei não será aplicável aos delitos de genocídio, tortura e desaparecimento forçado, assim como os delitos que sejam imprescritíveis ou que não admitam a extinção de responsabilidade penal em conformidade com o direito interno aos tratados internacionais ratificados pela Guatemala”.

Ríos Montt governou a Guatemala de 23 de março de 1982 a 08 de agosto de 1983. Nesse curto período, a repressão militar foi intensa contra comunidades indígenas ixiles, etnia que representa um dos menores grupos maya sobreviventes no país. Estima-se que, neste quase um ano e meio de governo do general, 1771 indígenas tenham sido assassinados.

O ditador foi condenado em maio deste ano a 80 anos de prisão. Contudo, 10 dias depois, a decisão judicial foi anulada pela Corte Constitucional por erros no processo, que, por esse motivo, voltou a ser aberto. Ríos Montt se encontra hoje em prisão domiciliar aguardando o resultado de seu processo judicial. Um novo julgamento deve começar em abril de 2014.

Fonte: Adital

Camponeses denunciarão violações de seus direitos na OEA






Pela primeira vez na história, camponeses representados pela Coordenação Latino Americana de Organizações do Campo, CLOC -Via Campesina, apresentarão à Comissão de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA) um relatório sobre a situação dos direitos econômicos, sociais e culturais das comunidades camponesas na América Latina e no Caribe.

O informe busca vincular e denunciar os problemas enfrentados pelos camponeses e a vulnerabilidade de seus direitos.

A audiência será realizada durante o 149° período ordinário de sessões da CIDH, com sede em Washington, que ocorrerá nesta terça-feira (29). 

O relatório contém estatísticas que revelam as consequências das políticas neoliberais e do modelo de produção agrícola industrial e como estes impactos incidem sobre os camponeses e os direitos humanos. Entre as questões que serão apresentadas estão estas:

- Atualmente, 595 milhões de pessoas vivem na América Latina, dos quais 20,5% vivem em áreas rurais.

- De acordo com o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, a pobreza nas áreas rurais da América Latina e do Caribe é o dobro da apresentada nos centros urbanos e também é a região do mundo com mais desigualdade de renda.

- 80% das pessoas que sofrem de fome e 75% das pessoas em extrema pobreza habitam áreas rurais, isso ocorre com maior intensidade na América Latina.

- No caso do Brasil pretende-se gastar 70 milhões de hectares da Amazônia para biocombustíveis.

- Na Guatemala, entre 1990 e 2004 , a produção de milho nativo caiu de 15,7%.

Com Alainet

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Nova expedição ao Araguaia pode encontrar logo o corpo de Grabois







A nova expedição da Secretaria de Direitos Humanos ao Araguaia encontrou nas escavações, nesta quarta-feira (23), dois dentes que podem ser de Maurício Grabois, líder da Guerrilha do Araguaia. Os dentes estavam no local onde teria sido enterrado Grabois, em dezembro de 1973, executado pelo Exército, mas seus restos mortais desapareceram.
A nova expedição da Secretaria de Direitos Humanos ao Araguaia acaba de encontrar nas escavações dois dentes.

A equipe faz escavações em São Geraldo (PA), na reserva indígena dos Suruí, com base nas informações de nativos da região e do ex-guia Iomar Galego, que colaborou em 1996. Os índios apontaram agora o local exato da árvore. Por coincidência, o mesmo onde em 1996 peritos argentinos encontraram fragmentos de ossos humanos, até agora não identificados e que suspeitam ser de Grabois.

A equipe do GTA segue a máxima de que só os exames da arcada dentária poderão comprovar se os dentes são de Grabois. Há indícios de que o corpo está próximo ao local escavado.
Grabois chegou a Xambioá em 67 e foi morto no dia 25 de dezembro de 1973 com mais três guerrilheiros, no chamado “Chafurdo de Natal”. Seu filho, André, fora executado em 1972. Mesmo assim o ‘comandante’ continuou a liderar a guerrilha até ser capturado.

Maurício Grabois



Nasceu em Salvador, no dia 2 de outubro de 1912. Foi um político brasileiro, um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e um de seus dirigentes desde a criação do partido até sua morte na Guerrilha do Araguaia, em 25 de dezembro de 1973. Foi um dos principais líderes comunistas do Brasil, junto com João Amazonas e outros camaradas.

Com informações do Correio do Brasil

Trabalhos restaurados são exibidos na mostra Marcas da Memória





A Cinemateca Brasileira, a Sociedade Amigos da Cinemateca e a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça apresentam desde , entre quarta-feira (23) até o domingo (27), a mostra Marcas da Memória, que inclui títulos restaurados pelo projeto “Memória cinematográfica para um tempo sem memória”, selecionado pela Comissão de Anistia no edital Marcas da Memória.




Filme Libertários está na mostra Marcas da Memória/divulgação-reprodução



O projeto recuperou, preservou e restaurou obras ameaçadas de cineastas que pensaram o Brasil dos anos 1960-1970, retratando o período de violenta turbulência social e política dos anos de ditadura militar no país. São eles: Os Fuzis, de Ruy Guerra, premiado com o Urso de Prata no Festival de Berlim de 1964; Manhã Cinzenta, de Olney São Paulo, exibido na Quinzena de Realizadores do Festival de Cannes de 1970, apesar da proibição da Censura Federal; o curta-metragem Os anos passaram, de Peter Overbeck, que retrata a mobilização estudantil brasileira em 1967 e 1968; e o documentário Libertários, de Lauro Escorel, que trata do papel do Anarquismo no início do movimento operário em São Paulo.

Para completar a programação, a Cinemateca Brasileira selecionou mais seis importantes títulos da filmografia nacional com a mesma temática, como Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho, vencedor do Festival de Berlim de 1985 e O Fio da Memória, do mesmo diretor, que discute a experiência negra no Brasil; Imagens do Inconsciente, de Leon Hirszman, obra dividida em três partes que retratam três casos tratados pela Dra. Nise da Silveira no Centro Psiquiátrico Pedro II – mais tarde, Museu de Imagens do Inconsciente; e O caso dos irmãos Naves, de Luiz Sérgio Person, longa-metragem que conta a história real dos irmãos que foram presos e torturados injustamente.

A mostra celebra ainda o Dia Mundial Do Patrimônio Audiovisual (World Day of Audiovisual Heritage), que neste ano traz o tema Salvando Nosso Patrimônio Para as Próximas Gerações (Saving Our Heritage for the Next Generation). Comemorado sempre em 27 de outubro por cinematecas e arquivos de vários países, com o apoio da Federação Internacional dos Arquivos de Filmes – FIAF, o Dia Mundial Do Patrimônio Audiovisual busca chamar a atenção da sociedade civil e dos governos para a necessidade de preservação dos materiais fílmicos, televisivos e radiofônicos ao redor do mundo.

Realizada pela Cinemateca Brasileira, a mostra Marcas da Memória dialoga com a 37ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, com a qual a Cinemateca vem mantendo parceria que já dura mais de 15 anos.

A Comissão de Anistia e o projeto Marcas da Memória

Criada em 2001, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça tem por objetivo promover a reparação de violações a direitos fundamentais praticadas entre 1946 e 1988, configurando-se em espaço de reencontro do Brasil com seu passado, subvertendo o senso comum da anistia enquanto esquecimento. A Anistia no Brasil significa, a contrário senso, memória. Em sua atuação, o órgão reuniu milhares de páginas de documentação oficial sobre a repressão no Brasil e, ainda, centenas de depoimentos, escritos e orais, das vítimas. E é deste grande reencontro com a história que surgem não apenas os fundamentos para a reparação às violações como, também, a necessária reflexão sobre a importância da não repetição destes atos de arbítrio.

É neste contexto que surge o projeto Marcas da Memória, que expande ainda mais a reparação individual em um processo de reflexão e aprendizado coletivo, fomentando iniciativas locais, regionais e nacionais que permitam àqueles que viveram um passado sombrio, ou que a seu estudo se dedicaram, dividir leituras de mundo que permitam a reflexão crítica sobre um tempo que precisa ser lembrado e abordado sob auspícios democráticos, como o presente projeto desenvolvido em parceria com a Sociedade Amigos da Cinemateca.

MOSTRA MARCAS DA MEMÓRIA
Quando? 23 a 27 de outubro
Onde? Cinemateca Brasileira – Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Clementino – São Paulo/SP
Informações: (11) 3512.6111

Entrada gratuita


Fonte: Site da UNE

Documentário “Verdade 12.528” mantém viva memória da ditadura





Filme resgata as violações dos direitos humanos investigadas pela Comissão Nacional da Verdade, ainda impunes e até hoje presentes no Brasil.

Quase 50 anos depois do golpe militar que instaurou uma ditadura no País (1964-1985), foi criada, em 2012, a Comissão Nacional da Verdade. A lei que a criou (12.528/2011) dá nome ao documentário “Verdade 12.528”, lançado na 37ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Dirigido por Paula Sachetta e Peu Robles, o filme busca manter viva na memória uma das fases do Brasil que até hoje não é uma página virada.

“Afinal, que crimes daquele período ainda estão sem averiguação e continuam impunes? Quantos foram mortos, como foram mortos, quem os assassinou? Onde estão os corpos de pais, irmãos, irmãs, filhos e filhas de centenas de cidadãos brasileiros? Até onde chegará o trabalho da Comissão da Verdade e o que a população espera dela?”

Regina e Dona Ottília Berbert, irmã e mãe de Ruy Carlos Vieira Berbert, no quadro ao fundo, desaparecido desde 1972. Ruy Carlos era militante do Molipo, foi preso em Natividade à época Goiás, hoje Tocantins e três dias depois apareceu enforcado em sua cela. A versão oficial: suicídio. Como muitos presos da época, foi brutalmente assassinado. Até hoje o corpo não foi entregue à família. (Foto: Peu Robles)

A Comissão Nacional da Verdade foi criada com o objetivo de apurar as violações de direitos humanos praticadas por agentes públicos entre 18 de setembro de 1946 a 5 de outubro de 1988. Formada por sete membros, 14 assessores e ampla equipe de pesquisadores, a comissão deve entregar seu relatório em maio de 2014. Embora vá apurar e investigar as violações do período, a não terá poder para julgar nem punir.

O documentário vem dar a sua contribuição ao resgate dessa verdade, que é um primeiro passo para resolvermos o nosso passado. Afinal ainda hoje é possível ver resquícios daquele período, já que jovens negros e pobres das periferias do País ainda sofrem as práticas repressivas do Estado. Um exemplo recente é o caso do Amarildo, torturado até a morte por policiais militares da UPP da Rocinha, segundo apontou o Ministério Público.

Dona Adalgisa é moradora da região do Araguaia. Em suas mãos a foto de Lucio Petit, o Beto, desapaecido em 1974. Por ter colaborado com o grupo da guerrilha, ela teve sua casa queimada, foi torturada, o marido, preso, e sua família, perseguida pelo Exército. (Foto: Peu Robles)

“Não nos importamos com os mortos e desaparecidos políticos? Hoje somem Amarildos. Não nos importamos com a tortura de presos políticos? Hoje jovens negros, pobres e da periferia são torturados, todos os dias, da mesma forma. O que buscamos mostrar no filme é exatamente isso: que a impunidade do passado dá carta branca à impunidade do presente”, disse Paula Sachetta ao blog do Sakamoto. Sem revanchismo, nem saudosismo, o documentário construir uma memória hoje anestesiada na sociedade brasileira.


O documentário traz depoimentos de pessoas que sofreram com a repressão ou foram afetadas por ela. Foram entrevistadas mais de 40 pessoas em São Paulo, Jales e Araguaia, como Amélia Teles, Clarice Herzog, Franklin Martins, Marcelo Rubens Paiva, entre outros. O filme começou a ser rodado em 2012 e contou com financiamento coletivo, via Catarse, onde foram arrecadados R$ 18.350 em 45 dias.




quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Comissão ouve relatos sobre prisão de madre Maurina na ditadura






A história da madre Maurina Borges da Silveira, que foi presa e torturada durante a ditadura militar (1964-1985), é a mais emblemática desse período, avalia a jornalista e pesquisadora Denise Assis - autora do livro de ficção Imaculada.

“[A história de madre Maurina] envolveu todas as instituições, todos os sentimentos, toda a dignidade feminina, toda a dignidade da sociedade”, disse Denise, durante audiência pública ocorrida nesta segunda-feira (21) na Assembleia Legislativa paulista e que reuniu parentes, jornalistas e ex-presos políticos para tentar recontar a história da madre.


Madre Maurina era diretora do Lar Santana, um orfanato para meninas em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e foi presa no dia 25 de outubro de 1969, acusada por acobertar militantes da Frente Armada de Libertação Nacional (Faln), que se reuniam e imprimiam material, considerado subversivo à época, no porão do Lar Santana. Mas a madre não sabia que o grupo, que ocupava o porão do orfanato, era formado por militantes políticos.

“Quando ela chegou para dirigir o orfanato, já havia um grupo de jovens que ocupavam uma sala para discussão. E dentro desse grupo havia um grupo revolucionário. Quando as pessoas desse grupo revolucionário começaram a ser presas, houve uma conexão com a irmã Maurina, e ela também foi presa. Ela era inocente, não sabia o que estava acontecendo. Ela foi presa porque, quando percebeu que os rapazes começaram a ser presos, foi ver que material era aquele que havia no porão, naquela sala. Como achou que aquilo poderia comprometer muitas pessoas, ela acabou queimando o material. E esse foi o grande crime da irmã Maurina: ela queimou o material que seria uma prova [para os militares]”, disse a também jornalista Matilda Leone, autora do livro Sombras da Repressão – O Outono de Maurina Borges. 

Depois de presa, madre Maurina foi torturada sendo submetida a sessões no pau de arara e a choque elétrico. “Ela foi estuprada”, relatou Áurea Morete Pires, que esteve presa com a madre. Segundo Áurea, a madre nunca confirmou os estupros. “Mas quando ela voltava [para a cela], sempre voltava chorando”, disse, em depoimento hoje à Comissão da Verdade de São Paulo.

A história da madre, que morreu em março de 2011, causa ainda muitas dúvidas. Entre elas, se realmente ficou grávida de um torturador. “Eu estive com ela e não acredito que tenha sido estuprada”, declarou o Frei Manoel Borges da Silveira, irmão da madre Maurina, em entrevista à Agência Brasil. Para ele, madre Maurina assumiu “esse sofrimento”, os estupros que aconteciam com outras presas, “como se fosse uma coisa sua”.

A jornalista Denise Assis disse que certa vez, por telefone, a madre assumiu ter sido estuprada, mas negou a gravidez. “A senhora foi estuprada? A senhora engravidou?, perguntei a ela por telefone. Ela [a madre] fez uma pausa e disse que isso aconteceu [o estupro]. Mas declarou ter pedido muito a Deus para que isso não tivesse consequências. Eu então perguntei se confirmava o estupro. Ela disse sim, mas não a gravidez”, relatou Denise.

“Ela foi realmente estuprada. Quanto à gravidez, muitas pessoas falaram sobre isso. De onde surgiu essa história? Em todos os setores e com todas as pessoas com que conversei, falaram dessa gravidez. E é algo que não ficou provado”, disse Matilde Leone. 

Depois de passar cinco meses na prisão, madre Maurina foi extraditada para o México, em março de 1970, em troca do cônsul japonês Nokuo Okuchi, sequestrado por militantes de esquerda. Ela ficou 15 anos fora do país, voltando em 1985.

Para Matilde Leone, há muitas questões que ainda precisam ser investigadas sobre a história da madre Maurina. “Essa questão do filho ou do aborto é uma questão que a Comissão da Verdade poderia investigar. Isso faz parte dos desmandos e da crueldade da época. Isso faz parte da história. Se ela fez um aborto ou foi forçada a fazer um aborto, o que realmente aconteceu com a irmã Maurina? Por que houve esse silêncio e essa proibição em torno dela para que ela não contasse alguma coisa? Por que esconder?”, disse Matilde.

Para o deputado estadual Adriano Diogo, presidente da comissão, o fato de existirem dois livros sobre a madre, mas ambos ficcionais, mostra que a história dela ainda precisa ser elucidada. “Dois livros foram apresentados hoje. E os dois livros eram ficcionais. A ditadura foi tão brutal que se não se forem trazidos depoimentos na primeira pessoa, e se não se trazer [a história] na forma ficcional, as pessoas não acreditam que houve toda essa barbaridade”, declarou a jornalistas. 

“A comissão da verdade tem três níveis: memória, verdade e justiça. Mas só estamos na memória, nas vítimas. Ainda não chegamos na verdade. E a justiça não sei se vai acontecer”, ressaltou o deputado.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Artur Voltolini: Dez mil mortes em dez anos




A OAB/RJ lançou em agosto, a campanha “Desaparecidos da Democracia”, em que divulga o resultado da pesquisa comandada pelo sociólogo Michel Misse, da UFRJ, cujos resultados mostram que mais de dez mil pessoas foram mortas sob suspeita de confronto com a polícia fluminense entre os anos de 2001 e 2011.

Por Artur Voltolini*, na Carta Maior

O objetivo da campanha é pressionar o Estado a divulgar os dados sobre essas mortes para que seja formado um banco de dados com todas as informações, desde o nome dos policiais envolvidos até depoimentos de parentes das vítimas. Esses dados serão analisados por uma equipe multidisciplinar para posteriormente criar propostas para definir os protocolos de ação policial, melhorar o sistema de Justiça Criminal e, com isso, fortalecer a democracia.

Segundo Michel Misse, a polícia fluminense mata mais do que a de muitos países. Nos Estados Unidos, onde a polícia é conhecida pela truculência, são mortos anualmente em confronto uma média de 300 pessoas para uma população de aproximadamente 314 milhões (uma morte para cada 1.050.000 pessoas). Já no Rio de Janeiro são mil mortes para 16 milhões de habitantes (uma morte para cada 16.000 pessoas). Misse afirma que nem mesmo em outros países latino-americanos com violento histórico de guerras civis e tráfico de drogas, como Colômbia e México, isso ocorre. Para o sociólogo, a falta de indignação da sociedade frente a esse quadro causa tanta preocupação quanto os próprios dados.

O Superintendente Estadual de Igualdade Racial, Marcelo Dias, disse que o resultado da pesquisa aponta para o racismo existente no Brasil, já que a maior parte dos mortos em suspeita de confronto com a polícia e os desaparecidos é composta de negros, jovens e pobres. “Hoje como a PM faz o que fez [contra os manifestantes] no Centro e na Zona Sul a sociedade se indigna, mas quando a OAB vai para a Maré participar do protesto contra os 10 mortos durante uma operação policial ela é criticada. Essa é uma sociedade racista”, defende.

Mortes não investigadas

Além da quantidade de mortos, outros dados resultantes da pesquisa são alarmantes. No ano de 2007 tivemos o maior pico de mortes decorrentes de confronto com a polícia, contabilizando 1330 vítimas em todo o estado, e 902 apenas no município do Rio de Janeiro. Após esse ano o número de mortes cai, enquanto o número de desaparecidos aumenta. Até 2007, segundo informações repassadas pelo Estado, cerca de 60% dos desaparecidos retornavam a seus lares. Após essa data o Estado muda a forma de operacionalizar esses dados, e não temos mais a porcentagem de retorno.

Entre 2005 e 2007 foram instaurados 707 casos de auto de resistência com autoria reconhecida, desses foram obtidos registros de 510, mas apenas 355 viraram inquéritos policiais. Só 19 foram encaminhados para a justiça, 16 foram arquivados, três denunciados pelo Ministério Público, dois pronunciados (denúncia aceita pelo juiz) e apenas um foi julgado pelo júri, resultando em condenação. Sobre esse quadro, Misse diz que a maioria dos casos não é investigada, que não há nem perícia, e afirma: “Não uso a palavra impunidade, isso seria um exagero. Nós não sabemos o que aconteceu. Os sistemas da Polícia Civil, do Ministério Público Estadual e dos tribunais não conversam entre si”.

Memória

Não é de hoje que mortes e desaparecimentos de suspeitos tomam espaço nas páginas de jornais do Rio de Janeiro. Em 18 de novembro de 1884 o caso de Castro Maltta causou um alvoroço na imprensa da época. Foi publicado no Jornal do Commercio que Castro Malta, “desordeiro conhecido na Praça da Constituição”, havia sido preso por perturbar o sossego público. Seis dias depois o mesmo jornal publicava em sua sessão de obituários o sepultamento de um Castro Mattos. A família, preocupada com o desaparecimento de Maltta, procurou o jornal O Paiz, com a suspeita de que o Castro Mattos que havia sido enterrado poderia ser seu parente. Começou então uma série de exumações e diferentes versões – ora Malta era um capoeirista e desordeiro, ora Malta era um pacato trabalhador – publicadas nos jornais. Ao final nunca foi esclarecido de quem era o corpo enterrado e onde estava o corpo de Carlos Maltta. O caso até virou tema para um conto de Aluísio Azevedo, publicado em seu folhetim A Semana.

Marcelo Chalréu, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, vê também uma semelhança entre o grande número de mortes por auto de resistência e de desaparecidos com o período da ditadura militar: “Há uma correlação entre o Estado ditatorial e a democracia repressora, só que agora sofisticaram o desaparecimento. Me causa espécie a não regulamentação até hoje do crime de desaparecimento forçado.”

Paulo Jorge Ribeiro, sociólogo da PUC do Rio de Janeiro e um dos organizadores da pesquisa sobre mortos e desaparecidos, é preciso recorrer à psicanálise para entender o descaso da sociedade: “Se um indivíduo não se responsabiliza por suas ações ele vira um cínico. E nossa sociedade, se responsabiliza?”, pergunta. Para ele, nossa sociedade é estruturalmente desigual e racista, onde alguns indivíduos são tão invisíveis que não são considerados nem como “não cidadãos”.

Paulo afirma que existe uma ideologia que defende que somos um país pacífico, ideologia essa que ignora todo o sangue que correu no país entre os séculos XVIII e XIX, e continua a correr até hoje. “Creio que enfrentar a memória é compreender, é enfrentar nossos próprios fantasmas. Olhe para nossos países vizinhos e veja como eles tratam a memória do período ditatorial, o cinema chileno e argentino são bons exemplos disso”, afirma.

A história do Brasil é cheia de esquecimentos. Até hoje não resolvemos muitas questões problemáticas e violentas do nosso passado, como por exemplo a escravidão, a Guerra do Paraguai, Canudos, e mais recentemente os crimes da Ditadura Militar. São muitos os casos que, por não serem problematizados, se refletem até hoje nas contradições da nossa sociedade. É urgente que se discuta a militarização das polícias, que se reforme os protocolos de ação policial e que se fortaleça o sistema judiciário, senão, continuaremos a ser o país onde todos podem acabar como o Amarildo, principalmente os jovens negros, pobres, moradores de favelas e demais espaços populares.

*Artur Voltolini é jornalista e escreve para o Observatório de Favelas

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Comissão Nacional da Verdade colhe depoimentos sobre desaparecimento de estudantes





O desaparecimento e a morte dos estudantes secundaristas Ismael Silva de Jesus e Marco Antônio Dias Baptista serão tratados nesta sexta-feira (18) pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), durante sessão de depoimentos em Goiânia.

Os estudantes secundaristas eram opositores do regime militar. As informações são que Ismael Silva de Jesus suicidou-se, aos 18 anos, em uma dependência do Exército em Goiânia, e Marco Antônio Dias Baptista desapareceu antes de completar 16 anos.

A sessão pública para colher depoimentos de parentes e testemunhos sobre o caso de Ismael será realizada no Sindicato dos Jornalistas do estado, com o apoio da Comissão da Verdade dos Jornalistas de Goiás.

Ismael era estudante secundarista em Goiânia e militava no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Ele foi preso em 8 de agosto de 1972, pouco antes de completar 19 anos, e levado para o 10º Batalhão de Caçadores, atual 42º Batalhão de Infantaria Motorizada, onde morreu.

No dia seguinte, o Exército divulgou a morte do estudante, alegando que ele havia se suicidado por se envergonhar da prisão. A causa da morte apontada pelos legistas foi “enforcamento-asfixia mecânica”. Entretanto, fotos do laudo necroscópico descobertas em 1991 evidenciaram que era falsa a versão oficial, pois mostravam a vítima presa à fina corda de uma persiana.

À tarde, a CNV terá reunião com o jornalista Renato Dias para tratar do desaparecimento de seu irmão, Marco Antônio Dias Baptista, que ocorreu provavelmente em maio de 1970, no norte do estado, atual Tocantins. Baptista teria sido preso pela equipe do capitão Marcus Fleury, que além de oficial do 10º Batalhão de Caçadores de Goiânia, mesmo local em que Ismael foi assassinado, exercia a função de superintendente da Polícia Federal no estado.

Dias Baptista era estudante secundarista em Goiânia e é o mais jovem desaparecido da ditadura, pois sua prisão, conforme diferentes versões, ocorreu em abril ou maio de 1970, antes dele completar 16 anos. O jovem foi dirigente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e militava na Frente Revolucionária Estudantil, ligada à VAR-Palmares.

Relatório da Marinha, em 1993, também confirmou que o desaparecimento ocorreu em 1970. Em 2005, a família venceu uma ação na Justiça Federal de Goiás que condenou a União a informar o paradeiro do jovem e a localizar seus restos mortais.

Fonte: Agência Brasil

RHEUMATIC HARD CORE SESSION 2013






A tão aguardada e legítima skate party está na mira! Com início as 10H00 do dia 19 de outubro de 2013, o Rheumatic Hard Core Session terá quatro bandas rolando, barracas de churrasco, bebidas, vários best tricks, melhor linha, maior grind, melhor tombo, pior manobra, e por aí vai!

E esse ano com uma novidade: uma Jam Session só para skatistas profissionais, no mesmo formato de sempre, mas valendo grana, money, dinheiro!

As bandas que farão o barulho para adrenar as sessions serão Mullet Monster Mafia (Piracicaba), Lo-Fi (São José dos Campos), O Inimigo (São Paulo) e Grinders (São Paulo). E ainda teremos o DJ Crypton tocando o melhor do skate rock.

Os participantes farão uma inscrição de 30 reais e com isso terão direito aos prêmios distribuídos durante as baterias, fichas de consumo nas barracas de comidas e bebidas, além de poder fazer uma session na considerada melhor minirampa do Brasil. As baterias serão divididas em grupos de 8 skatistas, por idade e categoria. E ATENÇÃO: O início das inscrições será às 8H00, sendo que as primeiras baterias começam as 10H00 e serão por ordem de idade e categoria, ou seja, ou mais novos e menos experientes serão os primeiros... E haja skate na veia o dia todo, o Rheumatic 2013 vai chapar sua mente!

A festa está sendo realizada pela Grind N' Roll, empresa de eventos formada por Cristiano Pira e Rogério Lemos, e conta com a cobertura do site Black Media, da revista Tribo Skate, do programa Skate Paradise (ESPN Brasil) e da Thrasher Magazine. E para engrossar o time de peso, o cartaz do evento tem a arte de Jimbo Phillips, um dos maiores nomes da skate art mundial.

Com a apresentação da CONVERSE, o RHCS tem o patrocínio da URGH! e da loja DISORDER, e conta com os apoios de Black Label, Thunder, Real, S-One, Sector 9, Ello Skatehouse, 4SK8, Crazy Beer BBQ, Weird, CBSk (Confederação Brasileira de Skate), SELAM (Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras) e da Prefeitura Municipal de Piracicaba.

Esperamos você para fazer mais uma RHEUMATIC HARD CORE SESSION!

Confira o vídeo oficial do RHCS do ano passado:




Mostra de Cinema de São Paulo exibe longa proibido pelo nazismo




A exibição de um filme mudo acompanhado de orquestra já virou programa anual disputado durante a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Na projeção levada ao Ibirapuera, clássicos como "Nosferatu" (1922) e "Metrópolis" (1927) atraíram mais de 15 mil pessoas cada um nos dois últimos anos.




Cena de 'Nathan, o Sábio', que será exibido no parque Ibirapuera durante a Mostra de Cinema de SP

A aposta da 37ª Mostra para a projeção prevista para o dia 26 é mais arriscada: "Nathan, O Sábio" (1922), de Manfred Noa, não é tão conhecido quanto seus antecessores. Em compensação, tem histórias de bastidores que dariam um filme dramático.

A peça homônima de Gotthold E. Lessing (1729-1781) nunca foi encenada com o autor em vida por causa da proibição da Igreja Católica, que achou o material ofensivo.

Usando Jerusalém durante a Terceira Cruzada como pano de fundo de uma trama sobre como cristãos, muçulmanos e judeus são levados a uma guerra sem nexo, o texto critica a devoção religiosa.

A adaptação de Noa sofreu dificuldades ainda maiores. Em 1922, prestes a ser lançado, o filme foi levado para a aprovação do Conselho de Censores de Cinema de Munique e foi mantido "em suspenso" por representar "perigo à segurança pública".

A razão, por baixo das palavras oficiais, era mais específica: no fim do longa, Nathan, um judeu, consegue unir todas as forças opostas.

Perdido

Com a ascensão do partido nazista e o crescente antissemitismo na Alemanha, o filme foi também perseguido. Um dono de cinema em Munique chegou a receber ameaças dedetratores da obra, que deixariam o local "em pedaços" se ele exibisse "Nathan, O Sábio".

Não há registros de sua exibição durante o regime de Adolf Hitler. O filme foi, então, considerado perdido.

"A equipe do Museu do Cinema de Munique encontrou uma cópia em 1996, em Moscou, com o nome errado de 'A Retomada de Jerusalém'", conta Stefan Drössler, que ficou responsável pela restauração, completa apenas dez anos depois da descoberta.

"O filme estava quase completo, não havia reconstrução para fazer. A principal tarefa era cuidar da qualidade da imagem e corrigir as cores."

A escolha para ser exibido pela primeira vez na Mostra tem importância histórica.

"O filme é um dos poucos documentos históricos remanescentes da produção cinematográfica de Munique e um dos poucos de um diretor cujo nome foi apagado da história pelos nazistas", afirma Drössler.

Além disso, a Orquestra Petrobras Sinfônica, sob o comando de Carlos Prazeres, terá a adição do músico libanês Rabih Abou-Khalil, que compôs a trilha para a ocasião e é um dos maiores especialistas em oud, uma espécie de alaúde (instrumento de cordas) árabe
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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Cooperifa comemora 12 anos com Mostra Cultural






Entre sábado (19) e domingo (27), diversos debates e apresentações artísticas de diversas linguagens ocorrerão na Mostra Cultural da Cooperifa que, neste mês, comemora 12 anos de atividades e resistência na periferia da zona sul de São Paulo. Entre as atrações estão Zeca Baleiro, Chico César e Mano Brown.

A festa acontece em diferentes localidades, entre elas, escolas públicas, unidades dos CEUs e casas de cultura que irão receber saraus, apresentações de balé, circo, contação de história, debates, além dos shows.
A abertura será no CEU Casa Blanca com shows das bandas Aláfia e Poesia Samba Soul. Também se apresentam no decorrer do evento os músicos Tati Botelho, Fino Du Rap, Crônica Mendes, Jairo Periafricania, Veja Luz e Versão Popular.

Entre os destaques deste ano, a Mostra terá as participações inéditas de artistas como Zeca Baleiro e Chico César, que participam de show ao lado de Izzy Gordon e Edi Rock. Mano Brown, do Raionais MC´s, também marcará presença.

12 anos de Sarau

Durante a programação, o público também pode conferir o filme “Tão Longe é Aqui”, que será exibido na sessão especial do Cinema na Laje nasegunda-feira (21) no Bar do Zé Batidão, no Jardim Guarujá. O local também sediará, na quarta-feira (23), a festa de aniversário de 12 anos do sarau da Cooperifa, que tornou-se palco aberto à poesia e às artes na periferia.

“Se a palavra liberta, então somos livres! Além das comemorações, a mostra faz parte da nossa estratégia de formação de público e todos os eventos são gratuitos. Com pouco ou quase nada, está aí a nossa mostra, uma semente a mais nessa primavera periférica que aos poucos enche de flores nossas vidas áridas e sedentas por cultura”, pontua Sérgio Vaz, criador da Cooperifa.

Confira a programação completa da 6ª Mostra Cultural da Cooperifa:

19/10 SÁBADO
Local: CEU Casa Blanca, Rua João Damasceno, 85 Vila Das Belezas – Fone
5519-5210 / 5519-5212 : Aide /Julio ou /Daniela

19h- Cerimonial de Abertura

20H – Banda Aláfia

21H – Banda Poesia Samba Soul


20/10 – DOMINGO

Local: Fábrica de Cultura São Luís, Rua Antônio Ramos Rosa, 651. Jardim São
Luís - Fone: 5510-5530 c/ Diego

18h - Debate: Literatura das Ruas, com Sérgio Vaz, Marcelino Freire e Julio
Ludemir
19h – Shows com Rapper PX, Grupo NSN, Banda 4ª Feira de Cinzas


21/10 – SEGUNDA-FEIRA

Local: Pracinhas da FEB, Rua Antônio Raposo Barreto, 151, Jardim Das Flores –
Fone: 5514-3583 Diretora Lucimara

Grupo de Dança

14h- Lords of Krump


21/10 – SEGUNDA-FEIRA

Local: Laje do Zé Batidão, Rua Bartolomeu do Santos 797 - Jdim : Guarujá
99342-6-8687/ Claro 96195-2724 Vivo Rose / Viviane 96599-5499

20h30- Cinema na Laje Especial com o filme “Tão Longe é Aqui – Eliza Capai”


22/10 – TERÇA-FEIRA

*Local: CEU Capão Redondo - Coordenadores: Tati, Bruna e Francisco – Fone:
5873-8067 – Rua Daniel Gran, S/N – Jardim Modelo

10h Fininho e Magrelo

*Local: CEU Casa Blanca, Rua João Damasceno, 85 Vila Das Belezas – Fone
5519-5210 / 5519-5212 : Aide /Julio ou /Daniela

14h - BALÉ CAPÃO CIDADÃO


22/10 – TERÇA-FEIRA

*Local: EMEF Oliveira Viana, Rua Profº Barroso do Amaral, 694 – Jardim
Ângela, Jardim Planalto – Fone: 5831-0046 / Marcio

20h - Teatro - CIA.Decágolo Jalc – Ângela nos Fragmetos de uma Chama

* Local: CEU Casa Bianca, Rua João Damasceno, 85 Vila Das Belezas – Fone
5519-5210 / 5519-5212 : Aide /Julio ou /Daniela

18h – Shows com Jairo Periafricania, Crônica Mendes, Banda Veja Luz


23/10 – QUARTA-FEIRA

*Local: EMEI Clarice Lispector – Ria Comendador Miguel Maluhy, 159 – Jardim
Guarujá – Fone: 5514-1864 Diretora Sueli

10h- Oficina de Artes Visuais – Carolzinha Teixeira

14h – Contadora de Histórias – Celinha Nascimento

*Local: Bar do Zé Batidão, Rua Bartolomeu do Santos 797 - Jdim : Guarujá


99342-6-8687/CLARO 96195-2724 VIVO Rose/Viviane 96599-5499

20h30 ANIVERSARIO 12 ANOS SARAU DA COOPERIFA


24/10 – QUINTA-FEIRA

*Local: EMEF Anna Silveira Pedreira, Rua José Manuel camisa nova, 550 – Jdim
São Luiz - Fone: 58911391 / 5890-0791

10h - Teatro: Núcleo Vinícius Piedade & Cia – Peça: 4 Estações ou Encontros e
Desencontros

14h – Sarauzinho

*Local: CEU Cantos do Amanhecer, Av. Cantos do Amanhecer, s/n – Jdim Eledy
– Campo Limpo - Fone: 3397-9732

19h - Shows com Tati Botelho e Fino do Rap

*Local: CEU Feitiço da Vila, Rua Feitiço da vila, 399 - Chácara Santa Maria Fone
3397-6559 - Maria do Carmo

20h Teatro – CIA do Tijolo – Peça: Cante lá que eu canto cá


25/10 – SEXTA-FEIRA

*Local: EMEF Zacaria/Mauro Faccio Gonçalves, Av. Raquel Alves Moreira, 823 –
Fone: 5514-3131

16h30 – Teatro – Trupe da Lona Preta – Peça: Concerto da Lona Preta

*Local: CDHEP- Capão Redondo, Rua Luiz da Fonseca Galvão, 180, Capão
Redondo – Fone: 5816-3701 / 5816-2907

17h30 Palestra – Salloma Salomão

*Local: CEU Campo Limpo, Av. Carlos Lacerda, 678 – Fone: 5843-4841 Cleo

20h - Teatro – Coletivo Negro - Peça: “Movimento Número 1: O Silêncio de
Depois...”


26/10 – SÁBADO – Dia das Crianças

*Local: EMEF M Boi Mirim II, Rua . José Manuel Camisa Nova, 552 - Jardim São
Luís - Fone: 5891-6745 / 5891-6527


10h – Espetáculo com Circo, Oficinas de Circo, Distribuição de Livros

*Local: Fábrica de Cultura São Luís, Rua Antônio Ramos Rosa, 651. Jardim São
Luís - Fone: 55105530 c/ Diego

19h – ShowsVersão Popular

20h – Mano Brown


27/10 DOMINGO – ENCERRAMENTO

Local: Casa de Cultura M’ Boi Mirim, Av Inácio Dias da Silva, s/n Piraporinha –
Tel.: 5514-3408

16h – Shows com Grupo de Capoeira Angola Irmãos Guerreiros, Izzy Gordon,
Edi Rock, Chico Cesar e Zeca Baleiro