quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Tráfico não saiu do Complexo do Alemão, diz general




Depois da mega operação envolvendo polícia militar, cívil, guarda municipal, exercíto, guarda nacional, Steve Seagal, Rambo,

 Arnold Swuanegger

Bope:

O general Cesar Leme, comandante da Força de Pacificação, disse que o tráfico de drogas não deixou as comunidades do Alemão e da Vila Cruzeiro (zona norte do Rio) e as discussões se acirraram após o anúncio de que a Força fica no morro até junho de 2012 e uma operação que fechou quatro depósitos de gás explorados por traficantes.
- O tráfico continua nas favelas do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro?
General Cesar Leme - Sim. Só que de forma itinerante. É o chamado tráfico formiguinha em que eles levam pequenas quantidades de cocaína para determinados pontos e vende seus produtos lá. Precisamos ficar atentos e trabalhar para impedir que isto aconteça.
O senhor acha que houve exageros e mau preparo dos militares no conflito de domingo com os moradores do Alemão?
É preciso entender que a situação é muito sensível. Todo militar é orientado e sabe dos cuidados que precisa ter na abordagem. A receptividade da população é cada vez maior. A confiança está ligada à permanência frequente da Força de Pacificação. Se a gente sai, as pessoas voltam a ser controladas pelos traficantes. Nosso trabalho é que as pessoas mudem a sua cabeça.
Na semana passada, o Exército reprimiu a venda ilegal de gás. É o novo foco de trabalho da Força nas comunidades?
Nossa missão é reprimir o tráfico de drogas e o de armas. Principalmente, armas. Mas podemos atuar contra o que mantém a venda de cocaína. Como a venda caiu com a nossa presença, eles precisam se sustentar de alguma forma. Quando fechamos quatro depósitos e apreendemos veículos mexemos com o bolso dessas pessoas (ao todo foram apreendidos três caminhões, 10 motos e 300 botijões de gás). Os moradores eram obrigados a comprar o botijão apenas nestes pontos. Isso não pode acontecer com a gente por aqui. Você já imaginou o quanto nossa presença quebrou na quantidade de recursos que circulava ilegalmente na comunidade
A Força pretende atuar sobre outra área?
Agora estamos fazendo um levantamento sobre o gatonet. Apesar da Embratel estar oferecendo um serviço legalizado e com preço mais em conta, o grupo que explorava anteriormente voltou a oferecer serviços aos moradores que acabam aceitando. Eles se sentem coagidos. Sempre se sentiram. Só que agora o Exército está por aqui.
Ou seja, o tráfico ainda tenta dar ordens aos moradores do Alemão e da Vila Cruzeiro?
Não tenha dúvidas. Temos uma aprovação popular de cerca de 96%, mas ainda há a ação de parentes de pessoas vinculadas ao tráfico de drogas que incitam moradores. O caso de domingo não teria crescido naquela proporção se não fosse as últimas coisas que aconteceram na comunidade. De qualquer forma, está aberto um inquérito para se apurar tudo o que aconteceu naquele momento, no domingo à tarde. Ouviremos todos para saber se houve exageros.

Patrulhamento é reforçado em toda a região do Alemão, no Rio
Após uma noite de intensos tiroteios no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, a região amanheceu nesta quarta-feira com patrulhamento reforçado por parte da polícia e de militares. Seis tanques do Exército que participariam do desfile de 7 de Setembro, no centro da cidade, foram enviados ao local.
Cerca de 50 PMs também ocuparam os morros do Adeus e da Baiana, próximos ao Alemão, por sua posição estratégica. No Twitter, moradores relatam que um "caveirão" --o carro blindado do Bope-- e dois carros da PM continuavam no alto do morro da Baiana nesta quarta.
A situação no Complexo do Alemão, no entanto, aparenta estar mais tranquila na manhã de hoje, segundo relatos dos próprios moradores e de militares.
De acordo com o capitão Sobral, da Força de Ocupação, não houve tiroteios durante a madrugada e a situação se normalizou por volta das 23h30. Os acessos às favelas da região, que tinham sido fechados durante o tiroteio, foram reabertos.
Ainda não há uma confirmação do número exato de detidos, mas ao menos uma mulher foi presa por passar informações via rádio aos traficantes que tentavam invadir o local.
Segundo Sobral, somente uma pessoa ferida foi achada pelos soldados no Morro da Fazendinha. De acordo com o Exército, ela estava alcoolizada e havia sofrido uma queda.
A Força de Ocupação não confirmou a informação de que uma jovem de 15 anos havia morrido após ser atingida por um tiro na cabeça.
Ontem, a tia da adolescente Ana Lúcia da Silva, Carla Cristina da Silva, afirmou que a sobrinha foi atingida por uma bala perdida enquanto saía de uma escola na favela Nova Brasília. Ainda segundo a tia, ela foi levada para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Penha, zona norte, e teve morte cerebral decretada.
TRÁFICO
De acordo com informações da Secretaria de Segurança, o tiroteio começou na terça (6) à noite quando um grupo de traficantes, estimado em cerca de 50 pessoas, tentou invadir o Complexo do Alemão, ocupado por tropas do Exército desde novembro do ano passado.
Fortemente armados, os traficantes atiravam em várias direções. Um dos alvos eram as lâmpadas nos postes de luz. A região ficou às escuras.
Um reforço de cerca de 100 homens do Exército foi mandado para o complexo. Policiais do Bope, equipados com um "caveirão" --o carro blindado da corporação-- também se deslocaram para a área.
Todos os acessos às favelas da região foram fechados. No quartel da Força de Pacificação, na parte baixa do morro, carros de combate do Exército, do tipo Urutu, foram preparados para entrar nas comunidades.
O comércio fechou as portas mais cedo. Os moradores procuraram se refugiar em casas também na parte baixa do Complexo do Alemão. Veículos evitaram passar pela avenida Itararé, que margeia o complexo.
Além do barulho dos tiros, moradores afirmaram que também ouviam barulhos de explosões de bombas e fogos de artifício. Quem chegava do trabalho se concentrava nos acessos do morro, com medo de subir rumo às suas casas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário